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O novo Provincial dos Missionários do Preciosíssimo Sangue tem em vista três dimensões: a missão, a espiritualidade e a vida em comunidade (c/som)

O Padre Luís Filipe Cardoso Fernandes foi eleito Provincial da Congregação dos Missionários do Preciosíssimo Sangue.

A eleição decorreu no final do mês de dezembro em Cáceres, Espanha, durante a Assembleia realizada entre os dias 27 e 29 de dezembro de 2015.

Agora, numa grande entrevista à Rádio Campanário, o Provincial fala sobre a sua vida enquanto sacerdote, as funções que irá desempenhar e os desafios que o novo cargo acarreta.

Com humildade e dizendo-se seguidor do Papa Francisco, o Padre Luís Filipe começou por declarar a esta Estação Emissora que foi ordenado Sacerdote a 13 de julho de 1997, “e a partir desse momento, fiquei ao serviço daquilo que a Igreja me pede através da Congregação dos Missionários do Preciosíssimo Sangue. Nessa altura era apenas um Sacerdote que estava ao serviço, não tinha nenhum cargo de responsabilidade, há quatro anos, atrás entrei para o Conselho Provincial como conselheiro e desta vez os meus irmãos acharam por bem escolher-me para ser eu o Provincial, para estar à frente da Congregação por um período de quatro anos”.

Luís Filipe explica que o Provincial tem a missão de animar todos os Padres da Congregação "no serviço à Igreja (…) em várias vertentes (…) olhando para o nosso fundador (…) e procurando manter atual aquilo que foi a obra original (…) ajudar a que eu e os meus irmãos possamos viver como o nosso fundador nos pediu que vivêssemos (…) estarmos atentos aquilo que a Igreja nos pede, e a minha missão é animar também os meus irmãos para que possamos responder à Igreja de forma ativa, fiel (…) mas podemos sobretudo, estar disponíveis para todo o tipo de serviços que a Igreja nos pede (…) e depois oferecermos ao mundo a espiritualidade do Preciosíssimo Sangue inspirada no nosso fundador S. Gaspar del Búfalo”.

Diz ainda que neste momento está a ser desenvolvida “a dimensão da reconciliação e faz todo o sentido incorporar a dimensão da Misericórdia que o Papa Francisco trouxe ao de cima (…) a missão de sermos agentes da reconciliação no meio do mundo”.

Quando questionado, o Provincial salienta que apesar de ter responsabilidades de gestor, não o pode fazer como se de uma empresa se tratasse, “nós não nos gerimos com o objetivo do lucro, não nos orientamos no sentido de procurar o sucesso, em 2001, na única vez em que estive numa audiência particular com o Papa João Paulo II, ele dizia-nos, a nós Missionários, que temos que ir às periferias, aos sítios onde ninguém quer ir e onde não esteja garantido o sucesso da nossa missão, nós não nos orientamos por essa dimensão do sucesso (…) nós queremos que o nosso trabalho possa ser para o bem das pessoas, para o bem da Igreja e sobretudo queremos que o nosso trabalho seja capaz de levar um pouco mais de Jesus Cristo a todas as pessoas”.

Sobre se já está ao corrente do que é o trabalho de um Provincial, Luís Filipe Cardoso Fernandes confirma dizendo que tomou posse logo de seguida, “e também em virtude dos quatro anos de experiencia no Conselho Pastoral, eu já sei um pouco daquilo que me é pedido, já tinha sobre as minhas costas alguma responsabilidade que agora assumo plenamente, a herança que recebo de trás (…) é uma herança pesada mas feliz (…) damo-nos conta que os nossos antepassados fizeram muito trabalho e trabalho bom, de animação, de fortalecimento, de expansão (…) cabe-nos agora a nós mantê-lo, mas também fazer com que ele produza bons frutos e alarga-lo”.        

“Uma das missões que nos dá muito trabalho é a Guiné Bissau, aqueles irmãos, que estão lá a trabalhar tem dificuldades estruturais, dificuldades até da própria língua, económicas, pelo conflito que muitas vezes existe naquela sociedade, nós recebemos toda esta herança que agora queremos fazer com que produza bons frutos e por isso o nosso trabalho também vai nesse sentido (…)”.

Sobre se alguma vez imaginou ocupar tão alto cargo, o Provincial diz que se considera “um bocado privilegiado, em 2001 fui eleito pelos meus irmãos para ser o representante deles num encontro mundial de Provinciais em Roma, e eu que ia apenas como representante, terminei eleito e fiz parte desse Conselho Geral que é o Governo da Congregação a nível mundial, durante seis anos, portanto alarguei o âmbito dos meus conhecimentos da Congregação, talvez seja dos que melhor conhece a Congregação a nível mundial, das diversas ações que desenvolve, mas ao mesmo tempo isso também possibilitou que os meus irmãos, neste momento olhem para mim e depositem esta confiança que levou à eleição, eu só tenho que estar grato por tudo o que a Congregação já me deu e a melhor forma que tenho de estar grato é responder dando-me também por cada um deles”.

“Toda a gente está disponível para servir a Igreja dentro da Congregação, não há disputas de cargos entre nós, nesta altura, creio que o grande critério que pesou e que o Espirito Santo também inspirou, foi o de escolher Padres de todas as comunidades, apenas a comunidade de Cáceres não tem um Padre eleito (…) muitos deles são jovens, o que trás também uma novidade para o Conselho Provincial e depois são Padres com muitas capacidades em que cada um deles tem dons próprios e que aqui vão ser colocados ao serviço dos outros e essa vai ser a principal riqueza (…) dois espanhóis e dois portugueses, duas formas de pensar completamente distintas (…) na conciliação destas diferentes formas de pensar é que está a riqueza deste Conselho Provincial”, assinala.

Relativamente ao programa e os objetivos para os próximos quatro anos, o Provincial Luís Filipe refere que “irá ser elaborado dentro de um mês, na primeira reunião que vamos fazer em janeiro (…) tem em vista três dimensões fundamentais, a missão a espiritualidade e a vida em comunidade (…) procuramos desenvolver a nível interno os laços que fortalecem a vida em comunidade, a nossa família da qual eu faço parte (…) neste momento um dos grandes desafios está na abertura aos leigos (…) que estão muito próximos da comunidade e que algumas pessoas partilham não só os seus bens mas também a sua ação (…) podemos dizer que é um dos primeiros desafios que temos para incorporar no novo plano, o segundo desafio prende-se com a nossa espiritualidade, procurarmos ver até que ponto é que nós podemos contribuir para que este mundo viva mais conciliado (…) das paróquias onde nós estamos, das pessoas com quem nos relacionamos no dia-a-dia, a partir do Evangelho, nós podemos viver de uma forma mais perfeita como irmãos (…) uma terceira dimensão é a missão, redescobrirmos formas novas de estar na paróquia (…) temos algo especifico nosso a aportar às nossas paróquias, (…) respondendo um pouco aquilo que o Papa Francisco nos diz de que os cristãos devem ir às periferias, devem ir ao encontro daqueles que ainda não conhecem Jesus Cristo, ou daqueles que estão mais afastados, ou daqueles que estão feridos na sua fé. Esta é também uma das dimensões que estará bem patente no nosso plano, desenvolver uma ação missionária pastoral dentro daquilo que nos é específico, responder aos grandes desafios da Igreja”.      

O Provincial diz ainda que continuará a viver no mesmo sítio, a deitar-se na mesma cama e a sentar-se na mesma secretária para trabalhar, “até mantenho o mesmo computador e o mesmo telemóvel, o mesmo número (…) a grande novidade é que tenho mais responsabilidades e tenho que atender a outras áreas e outros âmbitos e eu estou disponível para isso (…) não importa nesta equipa apenas a cabeça mas que todas sejam capazes de trabalhar em conjunto (…)”.

A concluir, Luís Filipe Cardoso Fernandes deixou uma mensagem a todos aqueles que o têm vindo a acompanhar ao longo do seu percurso, “sem ter a presunção de ser como o Papa Francisco, o meu herói e o meu modelo neste momento (…) lembro-me de ele pedir às pessoas quando subiu à varanda de S. Pedro, a bênção das pessoas, depois pediu várias vezes para que não se esqueçam de rezar por si, portanto é isso que eu peço, que as pessoas sejam uma bênção para mim e que não se esqueçam de rezar por mim, para que eu, que sou um homem frágil como qualquer outro, possa ser fortalecido, alegre, feliz, e que viva à maneira de Jesus Cristo, se identifique com os pobres, com os excluídos, os que são injustiçados nos dias de hoje (…) que eu, criatura frágil possa realizar bem a minha missão”.

A Congregação dos Missionários do Preciosíssimo Sangue tem representação na Península Ibérica, estando presente em três países, Portugal, Espanha e Guiné Bissau.

Em Portugal existem três comunidades, Vila Viçosa, Proença-a-Nova e Verride.

Luís Filipe Cardoso Fernandes é Pároco na Igreja de S. Bartolomeu em Vila Viçosa, residindo no Seminário Menor de Évora.

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