As obrigações do empréstimo de 16,5 milhões de euros do Fundo de Apoio Municipal (FAM), contraído pela Câmara Municipal de Alandroal, correspondem a 20% do orçamento mensal da autarquia, rondando os 100 mil euros, a ser pagos a partir de outubro do presente ano. Para minimizar encargos para o município, entre outras medidas, o executivo cessou “qualquer tipo de transporte de funcionários”.
Em declarações à Rádio Campanário, João Grilo, Presidente da Câmara Municipal de Alandroal, diz que “estamos num momento em que tudo tem que ser revisto”, para minimizar despesas.
A “autarquia está numa situação de assistência financeira”, considerando o autarca que “o processo negocial (relativo ao FAM) podia ter sido conduzido de forma diferente”, garantindo “mais sustentabilidade ao município, mais recursos para investimento, isso não foi feito”.
A cessação do transporte de funcionários, surge como uma medida que “ninguém gosta de tomar, nem a toma sem saber que afeta a vida das pessoas […] embora não haja nenhum enquadramento legal que justifique e permita esse tipo de serviço”, e a Câmara de Alandroal seja das poucas que ainda conferia este apoio, “pessoalmente não conheço mais nenhuma que fizesse isso”, afirma.
Questionado sobre o encargo representado, o autarca aponta que anualmente “podia chegar a duas prestações mensais do FAM”, ou seja, cerca de 200 mil euros.
Urge assim tomar decisões direcionadas para a sustentabilidade do município, no “caminho de reequilíbrio muito sério, temos que pôr em cima da mesa todas as possibilidades, e esta era inevitável”.
Não registando impacto da medida na comparência dos funcionários, o autarca avança estar a ser negociado “com a rodoviária um protocolo especial que permita alguns descontos nos passes de transporte público para os funcionários”.
Esta revisão de contas possibilitará “canalizarmos recursos para devolvermos à população”, pois as dificuldades financeiras do município não podem “sacrificar a educação, ação social nem o investimento no concelho”.
João Grilo assevera que “esta é talvez a última oportunidade que este concelho tem de fazer os investimentos certos para se projetar na região e poder afirmar-se como um concelho em desenvolvimento”, em que se regista aumento populacional, criação de receitas e entrada de impostas. A outra opção é “ficar estagnados a ver as coisas acontecer”.
Não considerando a última, o autarca reitera que tudo será feito “para renegociar e colocar o concelho no caminho do desenvolvimento, porque a morte lenta não é opção para este concelho”.