Ana Catarina Mendes, secretária geral adjunta do Partido Socialista (PS), anunciou no passado fim de semana a recondução de Luís Capoulas Santos (atual Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural) no cargo de cabeça de lista pelo círculo eleitoral do distrito de Évora para as próximas legislativas.
Luís Capoulas Santos, concedeu em exclusivo uma extensa entrevista aos microfones da Rádio Campanário, onde aborda o seu estado de espírito com a recondução no cargo, bem como alguns dos pontos fulcrais com que o PS se vai debater durante a campanha eleitoral, bem como algumas das metas caso o partido venha a vencer.
O atual ministro começa por afirmar aos nossos microfones tratar-se de “uma honra voltar a encabeçar a lista do PS pelo distrito de Évora”, lembrando que “exerci as funções de parlamentar algumas vezes durante a minha vida, sempre pelo distrito de Évora, onde nasci e vivi e com o qual tenho laços afetivos fortíssimos”.
“Estive sempre politicamente comprometido com o distrito de Évora”
Capoulas Santos
Capoulas Santos considera que a decisão de António Costa (secretário geral do PS), em reconduzi-lo como cabeça de lista por Évora “para além de me honrar, é algo que acima de tudo me responsabiliza”.
Num passado não muito distante, Reguengos de Monsaraz era das poucas autarquias nas mãos dos socialistas no Alentejo, facto que tem vindo a mudar, nesse sentido questionamos Capoulas Santos sobre o que mudou na região Alentejo.
Para o ainda Ministro da Agricultura “o PS é o partido que mais se identifica com a alma Alentejana”, lembrando que “quando falamos de história democrática em Portugal, sempre que o PS foi governo o Alentejo avançou, pelo contrário sempre que a direita ocupou o poder o Alentejo regrediu”.
“Queremos continuar a perseguir o compromisso com o Alentejo e com os Alentejanos”
Capoulas Santos
Antes de abordar as metas a que o partido se propõe, Capoulas Santos refere que “vamos para estas eleições com o dever cumprido, vamos anunciar e cumprir o que prometermos, mas também vamos prestar contas daquilo que fizemos”.
Relativamente ás “contas daquilo que fizemos”, Capoulas Santos afirma que “todos os compromissos que foram assumidos com os habitantes do distrito de Évora foram cumpridos”, exemplificando com três pontos. O primeiro referente ao Hospital Central do Alentejo, “onde foram desbloqueados todos os procedimentos do ponto de vista financeiro”, o segundo “os financiamentos extraordinários para o Alqueva, onde neste momento estão a ser lançados concursos de várias dezenas de milhões de euros para novos blocos de rega” e o terceiro “o compromisso que assumimos para impedir o crime ecológico que estava previsto para a serra de Monfurado com a instalação de uma hipotética mina de exploração de ouro que iria descaracterizar uma zona de montado”.
Luís Capoulas Santos mostra-se convicto do trabalho desenvolvido pelo atual governo, referindo que “podemos demonstrar que cumprimos todos os 20 compromissos a que nos comprometemos”.
O ainda Ministro da Agricultura relembra que “no passado foi igual”, acrescentando que em anteriores legislaturas socialistas “foi desbloqueado o Hospital do Patrocínio em Évora, bem como o Alqueva em 2002”.
“O empreendimento de Alqueva e os seus blocos de rega são um investimento sem precedentes para disponibilizar água ás populações do distrito”
Capoulas Santos
O “desenvolvimento da região Alentejo e a sua afirmação como tal” são um dos pontos importantes do programa do PS, segundo Luís Capoulas Santos.
A RC questionou Capoulas Santos sobre o novo Hospital Central do Alentejo, onde embora se tenham verificado desenvolvimentos a obra ainda não arrancou. O Ministro da Agricultura refere aos nossos microfones que “uma obra de centenas de milhões de euros não é algo que se faça com um estalar de dedos”, lembrando que “o projeto esteve parado durante 4 anos, e como tal foi necessário atualizar projetos e desenhar a engenharia financeira”.
“Estão reunidas todas as condições para o lançamento do concurso, é uma obra que estará pronta daqui por 4 ou 5 anos”
Capoulas Santos
Resolvidos todos os problemas referentes ao financiamento, a próxima fase “é o lançamento de um concurso público internacional, procedimento que demora vários meses, seguindo-se a fase de execução da obra”.
Capoulas Santos considera que “uma obra nunca se finalizará se todos estes passos não forem dados”, acrescentando que o partido socialista “não só desbloqueou os procedimentos como irá executá-los na próxima legislatura”.
A Campanário procurou saber, em caso de eleição, quais as medidas consideradas prioritárias pelo PS para a região Alentejo, Capoulas Santos considera que “as necessidades do distrito de Évora são as mesmas do país”, particularizando depois que “temos um plano para o Alentejo que assenta numa agricultura forte, competitiva e sustentável”, não esquecendo “o turismo que tanto tem crescido”.
Para Capoulas Santos a criação de indústrias não poluentes que atraiam quadros para a região”, referindo o exemplo “do cluster aeronáutico que o PS instalou em Évora, que serviu de anedotário para alguns dos nossos adversários, mas que hoje se mostra como um cluster capaz de atrair investimento”.
“Só com investimento é que se cria emprego e se garante o desenvolvimento sustentado da região”
Capoulas Santos
A falta de médico é outro dos problemas que tem afetado a região Alentejo, Capoulas Santos reconhece que “é uma das áreas que traz cada mais problemas, fruto do aumento da esperança média de vida e do envelhecimento das populações”, referindo mais uma vez “temos de enfrentar o problema demográfico, de forma a invertermos a regressão que vivemos desde a algumas décadas”, tornando possível que as pessoas “venham e se fixem no Alentejo”.
Convidámos Luís Capoulas Santos a revelar algumas das medidas previstas para o setor dos mármores, considerando o ministro que “a indústria extrativa tem de ser assente num quadro de sustentabilidade ambiental”, acrescentando que “o governo tem obrigação de ajudar os empresários através da formação, da inovação e da ajuda na internacionalização”, de forma a que “quando um mercado colapse se encontrem mercados alternativos”.
Naquilo que concerne ás questões da linha férrea e da estação de cargas e descargas solicitada para a zona dos mármores, o Ministro refere que “a ferrovia é dos maiores investimentos que o governo irá fazer”, considerando que “é uma oportunidade única para a região exportar os produtos para o mercado europeu”.
Luís Capoulas Santos mostra-se convicto que “a plataforma logística venha a ser sediada no distrito de Évora, é algo que pode ser concretizado”, acrescentando que “estamos já a trabalhar nesse sentido”.
O Alentejo é a região que mais tem crescido em termos de turismo, o que para Capoulas Santos está relacionado “com as condições ótimas para o turismo de natureza e monumental”. A região “tem sido uma surpresa para todos os que nos visitam, é uma região intocada, com uma luminosidade ótima e um património riquíssimo”.
O ministro aponta o turismo como “um potencial enorme a ser explorado”, referindo que é necessário “apostar na sinalética, nos meios de transporte adequados, para que o setor continue a ser a joia da coroa”. A “valorização das acessibilidades, das infraestruturas e da própria oferta” são da máxima importância “para que se possa ir ainda mais longe nesta área”.
O ensino superior, com a Universidade de Évora como plano de fundo também foi tema abordado pelo político alentejano, considerando que “as universidades do interior tem tido papel fundamental no desenvolvimento da região”.
Para Capoulas Santos a academia eborense “é responsável pelo combate ás questões da desertificação que tem existido”. A abertura da instituição académica “ás questões da inovação, atrai estudantes de todo o mundo, tornando-a numa referência em termos dos quadros superiores que fixa, é um fator de desenvolvimento económico”.
“O Novo Hospital Central do Alentejo pode ser uma oportunidade para termos um curso de medicina na Universidade de Évora”
Capoulas Santos
Questionámos Capoulas Santos sobre como atrair pessoas e fixá-las na região, ao que nos foi dito que “o problema demográfico é talvez o nosso maior desafio”.
Para o Ministro “se tivermos empregos bem remunerados, uma sociedade bem organizada, boas infraestruturas de saúde, educação, penso que temos reunidas as condições para inverter o ciclo negativo da demografia”.
“O desenvolvimento da economia acabará por provocar a vinda de pessoas de outras partes do país e até do mundo”
Capoulas Santos
Por fim, deixámos os microfones abertos aos cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Évora, para que manifestasse as suas considerações para as eleições legislativas que se avizinham. Capoulas Santos “deixo uma palavra de saudação para os meus adversários políticos”, pedindo “um debate elevado, com respeito”, frisando a “abertura do partido socialista para debater com todos as melhores propostas governamentais para o país e para a região”.
Luís Manuel Capoulas Santos, natural de Montemor-o-Novo, licenciado em Sociologia, ingressou no Ministério da Agricultura em 1977 onde exerceu funções técnica e dirigentes até 1991.
Entre 1991 a 1995, de 2002 a 2004 e em 2015, exerceu funções de Deputado á Assembleia da República, onde, a partir de 1994, foi Coordenador e porta voz para os assuntos agrícolas do Grupo Parlamentar do Partido Socialista.
Entre 1995 a 1998 exerceu funções de Secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, entre 1998 a 2002, de Ministro da Agricultura, do desenvolvimento Rural e das Pescas, nos Governos do Engenheiro António Guterres. Desde 2015, Ministro da Agricultura, das florestas e do Desenvolvimento Rural.
Entre 2004 e 2014 desempenhou funções de Deputado ao Parlamento Europeu, tendo, a partir de 2006, sido eleito Coordenador e Porta-voz para os assuntos agrícolas, do Grupo dos Socialistas e Democratas Europeus.
Entre 2009 e 2014 exercer a 1ª Vice-Presidência da Assembleia Parlamentar Euro Latina Americana.
No Parlamento Europeu foi Relator para as Reformas da Política Agrícola Comum de 2008 e de 2013.
Em 2006, foi agraciado com a Grã-Cruz do Mérito Agrícola, Comercial e Industrial, Classe do Mérito Agrícola, da República Portuguesa.
Em 2008 foi-lhe atribuído o Grau de Comendador da Ordem de Mérito Agrícola, da República Francesa.