O primeiro dia do 3.º Congresso Eucarístico Internacional foi dedicado ao tema “Mundo ferido”, inspirado pela pergunta bíblica do Livro do Génesis, quando Deus questiona Caim: “Onde está o teu irmão?” (4,9). Esta interrogação, que outrora foi feita a Caim, é hoje dirigida a todos nós. Trata-se de uma questão central da fé, que nos convida a refletir sobre a nossa responsabilidade para com o próximo.
Os participantes do Congresso discutiram as feridas que afligem o mundo contemporâneo, desde as guerras, a falta de paz, as injustiças e a crescente desigualdade entre ricos e pobres, apesar dos avanços na ciência, técnica e riqueza. Estas feridas sociais, agravadas pela indiferença e a falta de fraternidade, revelam a distância que a humanidade ainda mantém em relação ao ideal de solidariedade e unidade. O congresso também abordou temas como a crise ambiental, o desrespeito pela “casa comum” e os desafios migratórios, tanto nos países de origem como nos de acolhimento. A ausência de uma verdadeira fraternidade global é evidente, conforme testemunhamos em eventos como a guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022.
O congresso sublinhou a importância de, ao celebrarmos a Eucaristia, refletirmos sobre a pergunta fundamental: “Onde está o teu irmão?” A Eucaristia, segundo os participantes, é a resposta que Jesus nos oferece, propondo um caminho de vida que contrasta com o mundo atual. Este caminho convida ao perdão, ao amor pelos inimigos e ao sacrifício pessoal, como expresso por Juan Manuel Cotelo na sua metáfora de “alistarse na equipa que perde”. A Eucaristia, sendo um espaço de encontro com Cristo, é a porta que nos conduz à fé e à fraternidade, desafiando-nos a dar aos outros o que recebemos de graça.
O grupo português, que participa no congresso, foi calorosamente recebido pela comunidade de Nossa Senhora de Fátima, em Quito, na Andaluzia. A celebração com a comunidade local foi marcada pela alegria e fervor, com dezenas de fiéis a procurarem a reconciliação e a partilhar a sua fé com entusiasmo. Uma comunidade de clausura também esteve presente, transmitindo um sentimento de felicidade e fé que marcou todos os envolvidos.
Na foto: Sacerdotes da Arquidiocese de Évora no Congresso Eucarístico Internacional.