A residência oficial do primeiro-ministro no Palácio de São Bento, em Lisboa, abre pela segunda vez as portas ao público, com entrada gratuita, através da iniciativa “Arte em São Bento” e desta vez com uma seleção de obras de arte da Coleção António Cachola. São 50 obras de arte contemporânea de 33 artistas portugueses, em registos que vão da pintura, à escultura, fotografia ou colagem, vindas do Museu de Arte Contemporânea de Elvas (MACE).
Assim, partir de hoje e sempre ao domingo, até ao final do ano, poderá conhecer por dentro o espaço de trabalho de António Costa, e ao mesmo tempo apreciar uma seleção de obras de arte da Coleção António Cachola, que viajam do MACE, a que o curador e historiador João Pinharanda esteve ligado, na sua fundação. Uma instituição a que agora regressa, após um afastamento de oito anos, para as escolher e adequar a um espaço – a residência oficial -, “que conhecia muito mal e só visitara uma vez”, como disse hoje, numa vista guiada à imprensa.
Por isso, esta mostra seguiu dois critérios: o primeiro, em função de dimensões e de adaptação de materiais e objetos aos espaços e aos mobiliários que os preenchem, o outro, de adaptação às funções das salas a que as obras se destinam. Para tal, João Pinharanda pensou “São Bento como um palácio antigo em que cada espaço tinha uma função específica”, observou.
Contudo, muitas obras da coleção António Cachola não fazem parte desta mostra, por não terem dimensões compatíveis com o espaço, referiu. Mas, por se tratar de uma exposição com obras posteriores aos anos 1990, de artistas só revelados nas décadas de 1970 e 1980, esta exposição foi um “desafio ainda mais interessante” do que se tratasse de uma mostra de obras-primas ou artistas consagrados, disse o curador.
De todas as obras expostas, apenas uma, um quadro negro com dois quadrados recortados, uma obra sem título elaborada em 1988 por Fernando Calhau (1948-2002), no átrio de acesso ao primeiro piso, contrasta com as restantes. Esta é também a única obra de um artista que já morreu.