A Congregação do Amor de Deus deixou Vila Viçosa ao fim de 76 anos de presença na comunidade de Vila Viçosa.
O anúncio foi feito pela Arquidiocese de Évora em comunicado enviado à nossa redação.
Na nota emitida pode ler-se(íntegra) : “Vila Viçosa está fortemente marcada pela presença da Igreja, não só através do Santuário, mas de todos os conventos que nela existiram: várias ordens religiosas com os seus frades e as suas freiras aqui celebraram a Eucaristia, rezaram e tiveram a sua acção pastoral. Mas com a extinção das ordens religiosas e as normas que surgiram na época, os conventos ficaram vazios (nunca ouvimos ninguém fazer um pedido de desculpa à Igreja pelas atrocidades cometidas naquela época).
Recuando apenas ao século passado, duas congregações femininas instalaram-se em Vila Viçosa para viverem dois carismas específicos: cuidar dos doentes (tivemos as irmãs no hospital e no cuidado aos idosos); e cuidar das crianças marcadas pelo descuido ou abandono familiar.
Em 1947, chegaram a Vila Viçosa 3 irmãs da Congregação do Amor de Deus. Começaram por cuidar de 17 meninas pobres que estavam acolhidas no “Asilo”. Seguindo o carisma que lhes foi deixado pelo fundador Padre Usera, as Irmãs procuram “encarnar o amor de Deus na vida, de modo a que cada irmã chegue a ser uma manifestação permanente do amor gratuito de Deus aos homens”.
Foi assim durante 76 anos, com uma presença permanente, servindo com amor dia e noite, como verdadeiras mães. Vós que sois mães sabeis bem melhor que eu que amar e educar nunca é uma tarefa fácil: é que se muitas vezes se dá um “sim” alegre, também por vezes há que dizer um “não”, por vezes exigindo este “não” atitudes firmes.
Este serviço nunca foi fácil em Vila Viçosa no lar da Santa Casa: bastava entrar e ver tantas crianças (bebés) e jovens ao cuidado de poucas Irmãs: foram sempre mães de família numerosa. Foram várias as ocasiões em que as irmãs tiveram de dormir semanas ou até meses na cadeira do hospital, acompanhando as suas crianças. Tivemos irmãs que já com uma certa idade nunca deixaram de se dar totalmente; houve irmãs que tiveram de andar por caminhos difíceis em busca das “ovelhas perdidas”, pois elas nunca desistiram das suas ovelhas, Boas Pastoras à imagem do Bom Pastor. Houve irmãs que ainda tiveram tempo para dar uma mãozinha noutras valências da Santa Casa da Misericórdia.
E quando começaram a sentir a falta de vocações, disponibilizaram irmãs vindas de Cabo Verde, Angola e Moçambique para responderem ao pedido da Santa Casa da Misericórdia para que se mantivessem na instituição. Outras obras noutras partes do país foram fechadas para que esta se pudesse manter. Não tenhamos dúvidas de que se a Santa Casa da Misericórdia de Vila Viçosa é o que é hoje, também o deve à Congregação das Irmãs do Amor de Deus.
Recordo ainda a presença das Irmãs nas nossas comunidades paroquiais de Vila Viçosa e arredores: sempre disponíveis para animar a liturgia, para a catequese, para o cuidado das nossas igrejas…
Agora chegou a hora de encerrar aqui em Vila Viçosa a sua missão.
Deixo uma frase sem qualquer comentário, para que cada um pense o que entender: “faz mais barulho uma árvore que cai do que uma imensa floresta a crescer”.
Queridas irmãs, muito obrigado pelo vosso serviço à Igreja em Vila Viçosa. Permanecemos unidos a vós na oração, pedindo ao Senhor da messe que envie muitas irmãs marcadas pelo carisma do Amor de Deus para trabalharem na vinha com entusiasmo e alegria. Levem para as vossas irmãs, sobretudo para as que serviram em Vila Viçosa, a nossa imensa gratidão e o nosso abraço fraterno.”