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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

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Borba: “Sinto-me pequeno diante da fé deste povo. Para o ano têm de fazer uma procissão grande e bonita como sempre” diz Pe. Joanees Oliveira (c/som)

Todos os anos por esta altura decorrem as festas do Senhor dos Aflitos em Borba. Este ano, devido à COVID-19 as mesmas não puderam acontecer no formato normal. No entanto, a Irmandade do Senhor Jesus dos Aflitos não quis deixar de assinalar este momento.

Durante toda a semana houve recitação do terço, seguida de Santa Missa e nos dias 15, 16 e hoje, 17 de agosto, a imagem do Senhor Jesus dos Aflitos percorre as ruas da cidade numa procissão diferente: em cima de uma carrinha e seguida por carros.

As cerimónias religiosas foram, este ano, presididas pelo Padre Joanees Oliveira, que em declarações à Rádio Campanário, enaltece que “é sempre uma grata satisfação vir a esta terra e poder experimentar a fé genuína de um povo que ama Jesus Cristo”. Apesar da situação de pandemia que o Mundo atravessa, provocada pela COVID-19, “a Igreja e a Irmandade do Senhor dos Aflitos de Borba não podiam deixar de dar este sinal”.

“Não é a tradição que as pessoas estão habituadas a viver, mas é o que se pode. E dentro do que se pode, foi emocionante ver em cada casa e em cada rosto a emoção e o respeito com que as pessoas manifestam a sua fé”, refere o pároco.

Durante a procissão, o Pe. Joanees Oliveira diz que sentiu “que cada pessoa que vê o Senhor Jesus dos Aflitos vê com um olhar de esperança e amor. Estão a ser dias de grande emoção e de renovação da nossa fé. Pedimos a Deus que nos proteja e a esta cidade e este povo, que nos livre desta pandemia e que cada vez mais aumente a nossa fé e que cresça no nosso coração o desejo de, para o próximo ano, fazer uma procissão grande e bonita como sempre foi”.

O clérigo espera que “para o ano que vem, a comunidade tem o compromisso de fazer dobrado, porque este ano que não tivemos a procissão em moldes normais, e pelo ano que vem em ação de graças e se Deus quiser, em 2021 já em melhores condições, teremos de viver externamente a nossa fé”.

Apesar de não ser o pároco de Borba, foi o Pe. Joanees Oliveira o escolhido para presidir às procissões em honra do Padroeiro da cidade de Borba. Sobre o que sentiu em presidir à maior tradição da cidade, referiu que “o primeiro sentimento é sempre de gratidão e o segundo de grande humildade em ver, nestes tempos críticos, que estes “sinais” ainda falam às pessoas, que a fé ainda diz algo ao coração da comunidade”.

“Sou muito grato por poder estar aqui, nestes tempos extraordinários, mas também me sinto pequeno diante da grandeza da fé deste povo e espero, se Deus quiser, no próximo ano estar aqui com este povo”, salientou o clérigo (Áudio)

Questionado se tem esperança que as ruas de Borba voltem a estar repletas de pessoas para louvar ao Senhor Jesus dos Aflitos, o Pe. Joanees Oliveira diz que “o cristianismo é a religião da esperança e sem esperança não existe cristianismo. A nossa fé é fundada na esperança e na certeza de algo que ainda não chegou. Portanto, nós temos a esperança, que alimenta a nossa fé de que para o ano que vem tudo estará melhor. E se não estiver, alimentamos a esperança de que dias melhores já estão aí, já são agora estes dias. Ainda que com as limitações, nós devemos agradecer todos os dias a Deus a possibilidade de vivermos este dia. E agora neste tempo nós começamos a viver uma relação diferente com o tempo. Já não completamos ou planeamos o tempo como antes, agora somos obrigados a viver dia-a-dia, a planear o máximo 15 dias e isso dá-nos uma grande responsabilidade como nós gerimos o nosso dia e o nosso tempo. Se calhar é uma oportunidade de vivermos aquilo que a Sagrada Escritura diz: ‘Senhor, ensinai-nos a contar os nossos dias’. Então, que cada dia nosso seja bem contado e que saibamos aproveitar cada dia e cada momento fazendo valer a pena, uma vez que temos este receio, porque parece que em tempo de pandemia a morte está ao virar da esquina, nós devemos fazer que cada momento valha a pena, vivendo bem e vivendo a nossa fé, semeando aquilo que a nossa fé nos ensina: semeando o amor, semeando o bem e vivendo nesta esperança. Temos esperança que o próximo ano há de ser melhor se Deus quiser”

Recorde-se que hoje, dia 17 de agosto, às 20 horas, haverá a última procissão do Senhor dos Aflitos com saída da Igreja Matriz e o regresso da imagem à Capela do Senhor Jesus dos Aflitos.

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