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Segunda-feira, Novembro 25, 2024

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“A xenofobia e o racismo também existem contra o ser crente e religioso, que para muitos significa uma atitude obsoleta e ridícula, a eliminar” diz Arceb. Évora (c/som)

O Arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, em declarações à Rádio Campanário, refere as preocupações que a Igreja está a viver relativamente ao regresso à catequese e também sobre as aulas de Educação Moral e Religiosa Católica nas escolas públicas.

Sobre as catequeses que foram suspensas a 13 de março e desde então não regressaram, explica que a Igreja está a ver como decorrem as primeiras semanas do novo ano letivo nas escolas e que a catequese irá iniciar na segunda quinzena de outubro.

“Para nós é muito importante dar início à catequese paroquial porque é através desta que se faz a iniciação cristã, ou seja, que vamos construindo as novas gerações de católicos”.

D. Francisco Senra Coelho explica afirma a necessidade de a catequese ser presencial “porque o estar em conjunto com as outras crianças a fazer a comunidade, o ambiente, é fundamental”.

Na arquidiocese de Évora estão a ser preparados espaços de forma a cumprirem todas as normas e recomendações da Direção-Geral de Saúde, nomeadamente, o distanciamento e as desinfeções.

Porém, algumas paróquias não têm condições físicas, então “temos de estabelecer acordos com instituições que nos cedam espaços para nós podermos fazer a catequese acontecer. (…) Cada paróquia é um caso, há paróquias que só têm a Igreja, aí, possivelmente, teremos de fazer grupos. Há localidades onde há espaços disponíveis que nos podem ceder uma hora, mas vamos tentar a catequese acontecer”.

Também os catequistas estão a fazer formações com o departamento de catequese da arquidiocese para se verificar caso a caso cada paróquia e o que fazer.

Relativamente às aulas de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) nas escolas públicas e ao decrescente número de alunos inscritos nestas, o Arcebispo de Évora mostra desagrado perante o método de inscrição nas mesmas que se alterou, anteriormente “até ao 9º ano os alunos escolhiam eles próprios se queriam ir ou não à aula de Educação Moral e Religiosa Católica e faziam a sua inscrição. Agora passou a ser obrigatória a assinatura dos pais ou encarregados de educação. Esta obrigação parece exagerada (…) claro que se os pais não quiserem que os filhos frequentem dizem aos filhos e eles não se inscrevem. Muitas vezes querem que eles se inscrevam e eles não querem e assumem a sua liberdade e os pais respeitam. Estava tudo a correr bem, agora torna-se complicado, porque tem de se ir de propósito à escola assinar que o filho pode ir, o resultado é que há menos alunos na aula de Educação Moral e Religiosa Católica há menos reflexão ética”.

Para o Arcebispo a “sociedade de hoje tem [uma] grave carência de valores e a aula de Educação Moral e Religiosa Católica, que não era especificamente ensinar religião, mas refletir sobre o ser pessoa e os valores humanos, perde-se (…) e a escola em vez de educar apenas informa. Informar apenas cientificamente e não formar, não investir na pessoa integral, no seu todo, temos depois os problemas que sentimos, eu não quero fazer ligações diretas, mas há causas e efeitos nisto que é a violência, o crescimento do alheamento, a desvinculação da família”.

Relativamente à possibilidade de esta disciplina poder vir a deixar de ser lecionada revela que no ano passado já aconteceu, por exemplo, em Alcácer do Sal e em Montemor-o-Novo.

Para o Arcebispo de Évora “o tratamento da aula de Educação Moral e Religiosa Católica na escola tem uma metodologia de a abafar e de a excluir, premeditada e com critérios de organização. Há um modo aqui muito inteligente de que as coisas aconteçam. Quando pensamos que um jovem depois dos 16 anos pode escolher mudar de sexo, é muito complicado isto, quer dizer, a partir dos 16 anos é possível um jovem mudar de sexo, fazer as suas opções, as consultas de planeamento familiar são livres e os pais não têm que ter conhecimento e depois neste assunto vai-se buscar uma exigência superior, quando em todas as outras realidades o que se nota é a valorização do querer do jovem e aqui é a desvalorização do querer do adolescente e exigida a paternidade. É evidente que a Igreja defende a paternidade, mas não está desatenta a este pormenor. Vivemos um momento com grandes cargas ideológicas, nomeadamente, da ideologia de género. Vivemos circunstâncias de vários carateres ideológicos que se impõem à sociedade e que na Igreja atentamente acompanhamos, mas numa atitude de tolerância, respeito e sentido de bem comum. Mas não vivemos um momento em que nos sintamos apreciados ou estimulados, vivemos um momento em que percebemos que estamos a mais na compreensão de muita gente. A xenofobia e o racismo não é apenas a cor da pele, também é, por exemplo, o ser crente, o ser religioso, para muitas pessoas significa uma atitude obsoleta e ridícula, a eliminar”.

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