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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

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Terrugem: “Fecharam a porta da creche aos nossos filhos e agora não temos alternativa para deixar as crianças e temos de trabalhar” (c/som)

Como a RC noticiou, um grupo de pais da Terrugem fez chegar, no passado dia 27, à redação da Rádio Campanário um comunicado no qual dá conta da existência de alegado abuso de poder, por parte da direção da ABAT, no que diz respeito ao encerramento da creche. Segundo este comunicado no dia 20 de agosto os pais chegaram à creche para deixar os seus filhos e tinham um papel na entrada e informar que a mesma iria encerrar no dia 30 de setembro.

Hoje, um dia após o dia anunciado para o encerramento da instituição, os pais foram deixar as crianças na creche e esta encontrava-se já encerrada.

A RC este no local e falou com um dos pais, Manuel Bandarra, que explicou a forma como tudo aconteceu, referindo ser “um caso muito insólito”.

“O grupo de pais no dia 20 de agosto recebe um papel à porta da entrada das crianças a dizer que a creche encerra dia 30 de setembro. Como é normal, o grupo de pais juntou-se, tentámos alguns esclarecimentos através de mail à direção que nunca respondeu. Tivemos a iniciativa de ir à reunião da direção já em setembro, na qual fomos recebidos e onde a direção disse que não abrirá a creche. Tivemos a ler os estatutos onde diz que a direção não tem poder nenhum para fechar uma valência sem a autorização da Assembleia Geral da instituição. A mesma foi marcada para o dia de ontem, dia 30, dia que encerrou a creche, mas já havia uma marcada para aprovação de contas no dia 29 de setembro, ou seja, o dia anterior. No dia anterior a população juntou-se à nossa causa no [pavilhão] multiusos e havia dois pontos de ordem: a Aprovação de Contas e Outros Assuntos. Nos «Outros Assuntos», uma vez que a creche encerraria no dia a seguir, tentámos que fosse debatido o tema, até porque estava o pavilhão repleto de gente e quando foi pedido para falar sobre a creche a Mesa rejeitou. Ontem quando íamos para a Assembleia para resolver a situação da creche, chegámos à porta e tínhamos um comunicado por parte da ABAT a dizer que a Assembleia Geral se tinha demitido e que não havia Assembleia”, conta Manuel Bandarra.

No dia de hoje estavam cinco crianças à entrada da creche com os pais, porém existem “cerca de nove inscrições” que, segundo os pais, a ABAT “tem rejeitado”, apesar de este número ser “sustentável” para a continuação da creche.

Os pais querem agora “saber o que faremos a estas crianças. Precisamos de trabalhar, os números que foram apresentados por parte da direção não são verdade, a verdade são as nossas nove crianças para entrar para a creche, temos documentações de tudo o que dizemos, não dizemos inverdades. Temos tudo documentado e tudo comprovado”, frisa.

No comunicado enviado à RC pelo Grupo de Pais, é ainda referido que a Câmara Municipal de Elvas foi contacta por este Grupo e que ofereceu uma ajuda suplemente àquela que já é dada à instituição, para que não houvesse encerramento. “Assim que soubemos do possível encerramento da creche tentámos falar com a Câmara [de Elvas] que se mostrou disponível no que fosse preciso. Neste momento dá cinco mil euros à ABAT, mas mostrou-se na disponibilidade de dar algo mais de forma a fazer com que a creche não fechasse por questões monetárias”.

No entanto, segundo Manuel Bandarra, aquando da reunião com a direção onde foi referido este apoio suplementar por parte do município, a mesmo referiu que esse dinheiro estava a ser dado como “bandeira na parte das eleições”, mas este pai refere que isso “nunca pode ser misturado, o dinheiro para uma IPSS por parte do município com qualquer partido, é triste fazer essa comparação”.

Questionado pela RC qual a solução que preveem, refere que “os quatro membros da direção, nenhum nos quer dar satisfações públicas ou juntar-se com os pais. Para mim é insólito porque alguém tem de dar uma palavra aos pais e à população que ontem, mais uma vez, assinou um documento em como está contra a creche fechar e está de acordo com os pais”.

Para o Grupo de Pais esta é “uma valência que faz falta à Terrugem, porque os jovens precisam de ficar na Terrugem senão qualquer dia a Terrugem é um dormitório”.

Manuel Bandarra apela à Câmara de Elvas, à Junta de Freguesia e à Segurança Social que fiquem “connosco sempre, porque os números corretos são de nove crianças e quando chegarmos a cerca de maio, não haverá vagas na creche para o número de crianças existentes, porque na Terrugem há muita gente grávida, houve pessoal que teve bebé a semana passada e temos as declarações assinadas para colocar a criança na creche assim que tiver idade”.

Questionado se têm alternativa para deixar as crianças, afirma que “não temos alternativa absolutamente nenhuma”.

“Os pais precisam de trabalhar, os avós precisam de trabalhar e não há alternativa neste momento. Estamos a tentar que hoje se resolva e que fique claro que os pais não estão contra a ABAT, a ABAT tem uma instituição que faz falta a toda a gente desde os idosos às crianças, mas que não abandonem as crianças em prol de um capricho. A parte monetária e financeira não pode ficar acima da parte social, porque isto é uma IPSS. As crianças também fazem falta à Terrugem e à própria ABAT, para o futuro desta aldeia e neste momento apelamos a todas as instituições que nos possam apoiar que estejam connosco até ao fim nesta luta”.

O Grupo de Pais explica que a ABAT os informou que a valência de creche não era viável por existirem poucas crianças e, em reunião, referiu ainda que a mesma seria “substituída por um centro de dia”.

À RC Manuel Bandarra explica que devido à COVID-19 o Centro de Dia existente está com dificuldades relativamente ao “distanciamento e devido à área existente para colocar todas as pessoas que estavam no Centro de Dia, mas as crianças não têm culpa disso. Há outros edifícios da Junta [de Freguesia], públicos, que podem ser utilizados para isso, penso eu”.

“Um espaço como é o pavilhão multiusos que tem uma área enorme, que durante o dia não tem atividades e poderia ser uma solução, é uma opinião que nós temos”, termina.

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