Dois anos se passaram!
Era uma segunda feira igual a tantas outras. Típica de um outono cinzento pelos céus do Alentejo.
Mas por mais negro que o céu estivesse, nada fazia prever a enorme tragédia que viria a ocorrer.
Seguramente que a maior parte de nós passou vezes sem conta por aquele local!Seguramente que a maior parte de nós nunca ousou pensar em tal desfecho.
Estrada real como foi apelidada, com uma paisagem deslumbrante para os inúmeros turistas que nos visitavam. Percurso habitual para quem queria ir para Borba ainda que existissem outras alternativas.
Mas era aquela a escolhida. A que em cada ponto de passagem guardava histórias, e que agora nos traz à memória, uma das maiores tragédias por aqui vivida.
Passaram dois anos e naquele lugar fatídico perderam-se vidas humanas.É nisto que hoje nos centramos. O apuramento de responsabilidades será em sede própria e para quem de direito.
19 de Novembro de 2018, pouco passava das 16 horas.
Nesta vila pacata ouviam-se as primeiras sirenes e debaixo das típicas laranjeiras da praça, os habituais “residentes” que por ali costumam estar, pouco ou nada sabiam. Especulava-se que de algum acidente se tratava.
Ninguém sabia o que estava para vir. Ninguém sabia a verdadeira tragédia que acabava de nos bater à porta.
Não foi preciso muito tempo para nos apercebermos que a situação era grave.
A Estrada de Borba, num troço de cerca de 100 metros , tinha caído.
Arrastou consigo a história, as imagens paradisíacas transmitidas recentemente por um canal de televisão por ocasião de uma volta ao Alentejo em bicicleta, mas acima de tudo, arrastou consigo vidas humanas.
Vidas que estavam no local errado a hora errada.
Seguiram-se dias de verdadeira dor e angústia para todos. Para uma comunidade enlutada que estava em choque. Para os familiares de todos os que partiram e que de um momento para outro, viram a sua vida desabar, tal como aquela estrada.
Para nós comunicação social, que durante dias a fio trabalhámos em condições difíceis, consternados por transmitir as notícias que ninguém queria ouvir.
Passaram dois anos! Não esquecemos e nunca esqueceremos.
Este será sempre um dia triste, um dia pesado!
Um dia em que choraremos a partida repentina e inesperada dos nossos;em que lamentaremos a destruição involuntária destas famílias; em que manifestaremos sempre o nosso enorme pesar pelas suas perdas e o maior respeito pela sua dor.
Naquela tarde de novembro perdemos bem mais do que uma estrada….perdemos pessoas: pais, irmãos, filhos, avôs, tios, maridos!
19 de Novembro de 2020…hoje, como sempre o faremos, olhamos para o céu e lamentamos profundamente a partida de todos eles!