Dentro de uma semana o número de internados por COVID-19 nos hospitais pode chegar, no pior dos cenários, aos 3.897, de acordo com as estimativas divulgadas pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) neste sábado.
Este aumento significaria um acréscimo de 602 camas para além das 3.295 que os doentes infectados com COVID-19 ocupavam à data desta quinta-feira. Ou seja, um aumento de cerca de 18%.
A APAH nota que se as estimativas apontam para “o aplanar da curva” nas áreas correspondentes às administrações regionais de saúde do Norte, Centro e Algarve, o efeito tarda a chegar à região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) e Alentejo: “A pressão global diminui, mas ainda não nestas duas ARS.”
No pior dos cenários LVT terá 1.702 doentes internados, dos quais 242 a precisarem de ventilação mecânica.
Já o Alentejo pode chegar aos 211 internados, 29 nos cuidados intensivos, o que representa alguma pressão nestes centros hospitalares.
Estas estimativas baseiam-se na informação sobre infeções publicada pela Direcção-Geral da Saúde e consideram dois cenários de progressão da infecção através da análise de sensibilidade de variação do Rt (índice de transmissão). O cenário optimista baseia-se na redução de 2% do Rt, e o cenário pessimista baseia-se no aumento de 2% do Rt. Os cálculos são feitos através da utilização da ferramenta Adaptt, desenvolvida pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares e pela Global Intelligent Technologies, em colaboração com a Organização Mundial de Saúde. Os valores divulgados neste sábado referem-se à previsão da utilização de recursos na próxima sexta-feira, 11 de dezembro.
Seguindo um cenário pessimista, como já referido, haverá no país 3.897 doentes internados na próxima sexta-feira, dos quais 587 nos cuidados intensivos. Este cenário implica a mobilização de cerca de mil médicos (1.022) para tratarem destes doentes, dos quais 294 em unidades de intensivos, e 7.182 enfermeiros.
No entanto, num cenário que contempla uma progressão mais favorável da epidemia, 3.343 é o máximo previsto de doentes internados, dos quais 517 em unidades de cuidados intensivos a precisarem de ventilação mecânica. Este cenário prevê que sejam necessários 881 médicos, dos quais 258 em cuidados intensivos, e 6.166 enfermeiros.
“A resposta do sistema não está a ser a ideal”, diz Alexandre Lourenço, presidente da APAH. “O sistema está a funcionar mas não está a funcionar bem. Está em sobrecarga. Há doentes não COVID a ficar para trás, há cirurgias que não estão a ser realizadas”, recorda. Ou seja, a diminuição da pressão é um indicador positivo, mas “estamos longe de estar numa situação confortável”.
(Fonte: Público)