O provedor da Misericórdia de Évora, onde existe um surto de covid-19 num lar, já com 24 infetados, criticou hoje as autoridades por ainda não terem evacuado o espaço, alegando que o mesmo “não é um hospital”.
O processo de evacuação do Lar Nossa Senhora da Visitação “chegou a merecer a concordância das diversas autoridades” e “os utentes infetados já deviam ter sido transferidos”, mas “passaram seis dias desde que o surto foi identificado e nada”, lamentou o provedor, Francisco Lopes Figueira, em declarações à Agência Lusa.
Segundo o responsável, e de acordo com a informação avançada pelo Notícias ao Minuto, “a autoridade de Saúde, a Câmara e a Comissão Municipal de Proteção Civil de Évora e a Segurança Social” têm dado “apoios simbólicos” e têm sido “muito cordiais”, mas “não tiveram nenhuma ação com impacto nos utentes”.
Francisco Lopes Figueira acrescenta “vão ‘empurrando com a barriga’ de uns para os outros, estão sempre a aguardar mais qualquer coisa e nunca é o momento oportuno. Ainda não fizeram nada”.
O provedor considera ainda “inadmissível que, ao fim de seis dias de insistências diárias com todos estes intervenientes, ninguém tenha tido a mínima decisão para um apoio com significado”.
“A Misericórdia não é um hospital, aquele lar não é um hospital. O edifício não tem condições para este fim, tem sim condições para ser um lar ao estilo de uma habitação, mas não para dar resposta a uma doença infetocontagiosa e gerir um número de infetados desta dimensão”, frisou.
No Lar Nossa Senhora da Visitação, da Misericórdia de Évora, o surto do vírus que provoca a covid-19 foi confirmado em 29 de dezembro, inicialmente com 13 dos 24 utentes e quatro dos 19 funcionários infetados no entanto o número de casos do novo coronavírus SARS-CoV-2 aumentou, abrangendo agora um total de “18 utentes e seis funcionários infetados”, mas sem vítimas mortais (uma idosa morreu no dia 31 de dezembro, mas devido a outras causas), disse Francisco Lopes Figueira.
“O que tem valido é que a Misericórdia, através dos funcionários e direção do lar e profissionais de Saúde da instituição, tem posto e vai continuar a pôr todos os seus esforços para que estes utentes sejam bem tratados”, acrescentou o Provedor.
Este surto teve origem num trabalhador infetado no exterior, diagnosticado em testagem regular da instituição, alguns dias antes, indicou a Santa Casa da Misericórdia.