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Alentejo lidera projeto europeu de 16ME para diminuir fosso digital entre áreas rurais e urbanas

A região Alentejo tem um novo desafio na esfera digital, nomeadamente o projeto europeu Auroral (Architecture for Unified Regional and Open digital ecosystems for Smart Communities and wider Rural Areas Large scale application), orçado em mais de 16 milhões de euros, e liderado, a nível europeu, pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDR-A).

A missão deste projeto passa por “dotar as regiões rurais europeias de um ambiente digital integrado potenciador de serviços comparáveis aos das regiões economicamente mais densas”. Isto é conseguido através do reforço da conectividade e interoperabilidade de plataformas existentes, e, assim, diminuir o fosso digital entre áreas urbanas e rurais. Para além da liderança da iniciativa europeia, o Alentejo vai ser ainda palco de quatro ações piloto para o desenvolvimento de comunidades rurais inteligentes.

O projeto Auroral arrancou oficialmente no início do mês de janeiro e vai prolongar-se durante quatro anos. Durante esse tempo, espera-se que contribua para o crescimento económico e para a criação de emprego em zonas rurais, afetadas pelos desafios da baixa densidade populacional. Ao desenvolver o ecossistema digital destas regiões, o projecto pretende também ajudar a reduzir as assimetrias no acesso digital entre as áreas urbanas e rurais. Reforçar a integração e interoperabilidade das plataformas existentes através de serviços de data brokerage desenvolvidos no âmbito do projeto são algumas das estratégias, que vão permitir desenvolver e prestar serviços às comunidades inteligentes envolvidas.

Com um orçamento global de 16,3 milhões de euros, o Auroral é financiado pelo programa comunitário Horizonte 2020, do qual irá receber cerca de 14,5 milhões de euros. Em território nacional, e com cerca de 2,6 milhões alocados à participação portuguesa, o projeto dá continuidade ao trabalho que a região do Alentejo tem já desenvolvido na área digital, reforçando esta componente em domínios como o património, cultura, indústrias criativas e turismo.

Segundo o portal do Auroral, Sines, São Pedro do Corval, Pias e Arronches são as quatro localidades portuguesas escolhidas para os pilotos, sendo que, em cada uma, a atuação do projeto está alinhada com eixos já definidos pela estratégia de desenvolvimento regional da ADRAL – Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo, que participa também na iniciativa.

Em Sines, o foco está no empreendedorismo digital e desenvolvimento de incubadoras e clusters tecnológicos; São Pedro do Corval vai aproveitar a comunidade artística e a sua herança relacionada com o artesanato e a cerâmica; por sua vez, o envelhecimento saudável e a qualidade de vida serão os temas de Pias; e, por fim, em Arronches, o projecto vai debruçar-se sobre o uso eficiente dos recursos públicos na mitigação das alterações climáticas.

O consórcio do projecto junta parceiros de dez países europeus. Em representação nacional, para além da CCDR-A, que trabalha neste projecto com a ADRAL, está também a empresa Irradiare.

Marcos Nogueira, coordenador do Auroral, revelou que o projeto conseguiu a primeira posição entre 22 candidaturas europeias, o que se deveu, entre outras coisas, ao facto de o Alentejo ter “sabido liderar [um] processo, em que se abriu espaço para que todos [os parceiros do consórcio] contribuíssem”. Para além disso, segundo o responsável, o projeto “serve a política europeia”, indo ao encontro daquilo que são “as posições da nova Comissão e que abordam directamente as assimetrias digitais entre as zonas urbanas e as rurais”, começando a atuação pelas “zonas menos servidas”.

Para o presidente da CCDR-A, António Ceia da Silva, o projeto é “uma grande vitória para Portugal e para o Alentejo”, num momento em que a pandemia e o aumento do teletrabalho trazem uma oportunidade às comunidades rurais para atrair população e empresas. Por esse motivo, no que se refere às comunidades inteligentes, a actuação da CCDR-A não se cinge ao Auroral e Ceia da Silva revelou estar a encetar esforços para a realização de “uma cimeira europeia de smart communities”, a acontecer em maio, no âmbito do Dia da Europa e integrada na presidência portuguesa da União Europeia.

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