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Universidade de Évora realiza estudo que é “um passo assinalável no combate às alterações climáticas”

Um estudo liderado em Portugal pela Universidade de Évora (UÉ) visa identificar potenciais locais para instalações-piloto de armazenamento geológico de CO2, tecnologia que evita a libertação para a atmosfera do dióxido de carbono produzido pelas indústrias dos setores eletroprodutor, siderúrgico ou cimenteiro. O gás é injetado no subsolo, a grandes profundidades, onde fica sequestrado nas rochas de forma permanente. As consequências são duplamente vantajosas para o ambiente; por um lado, reduzem-se diretamente as emissões de gases com efeito de estufa, por outro, contribui-se para uma economia circular, uma vez que o CO2 capturado pode ser reutilizado na produção de metano ou de combustíveis sintéticos, entre outras aplicações.

Com uma dotação orçamental superior a 10 milhões de Euros, o projeto PilotSTRATEGY – CO2 Geological Pilots in Strategic Territories, coordenado na UÉ por Júlio Carneiro, investigador do Instituto de Ciências da Terra (ICT) e professor no Departamento de Geociências, foi recentemente selecionado pela Comissão Europeia (CE) no âmbito do programa Horizonte 2020 para caracterizar potenciais locais para instalações-piloto de injeção de CO2 em formações geológicas. Em causa está o armazenamento geológico de CO2 como tecnologia de mitigação das alterações climáticas, a caracterização geológica e a apresentação de estudos de engenharia preliminares que permitam o suporte técnico e científico necessário para uma decisão final sobre o financiamento de instalações-piloto de armazenamento de CO2 em formações geológicas da Bacia Lusitaniana (Portugal), Bacia de Paris (França) e da Bacia do Ebro (Espanha).

Júlio Carneiro explica que o armazenamento geológico de CO2 (uma componente das tecnologias CCUS- Captação, Utilização e Armazenamento Geológico de Dióxido de Carbono) “baseia-se na devolução do carbono à sua origem”, entendida como a utilização de formações geológicas como locais seguros para o armazenamento de CO2 capturado em grandes fontes estacionárias, destacando-se as cimenteiras, termoelétricas, refinarias e outras. O armazenamento geológico “evita a libertação para a atmosfera do CO2 produzido por aquelas indústrias, pois o gás é injetado no subsolo, a grandes profundidades, onde fica sequestrado nas rochas de forma permanente”.

Este processo permite “aos sectores industriais e electroprodutores reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa” esclarece o investigador, acrescentando que as tecnologias CCUS “contribuem também para um sistema de economia circular, uma vez que o CO2 capturado pode ser reutilizado na produção de metano, de combustíveis sintéticos e em várias outras aplicações”.

Júlio Carneiro exemplifica, “no sector cimenteiro cerca de 2/3 das emissões resultam do próprio processo de produção do cimento e não da utilização de combustíveis fósseis, não podendo, por isso, ser evitadas através de uma transição para fontes de energia renovável”. Também a Estratégia Nacional do Hidrogénio, recentemente aprovada, “reserva um papel significativo para as tecnologias CCUS, pois perspetiva um papel importante para os combustíveis sintéticos, produzidos a partir do hidrogénio e de CO2 que deve ser capturado em grandes fontes estacionárias” avança ainda o professor da Universidade de Évora.

Liderado pelo instituto francês BRGM- Bureau de Recherches Géologiques et Minières, este projeto envolve dezasseis (16) instituições públicas e privadas de sete (7) países (França, Espanha, Portugal, Grécia, Polónia, Alemanha e Reino Unido), sendo que em Portugal cabe ao ICT da Universidade de Évora, em parceria com a GALP e o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICC-UL) o desenvolvimento dos trabalhos.

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