O fotógrafo luso-luxemburguês Daniel Fragoso acha que sim
Daniel Fragoso passou o inverno a fotografar a costa alentejana, conta o site “Contacto”. A sul, nos dias frios, encontrou uma absoluta sinceridade na paisagem e nas gentes.
O seu olhar sobre o território mereceu destaque na imprensa portuguesa esta semana e estará, no próximo mês, em exposição no castelo de Bourglinster.
Quando voltou ao Luxemburgo em meados de janeiro, Daniel Fragoso decidiu tatuar nas costas da mão esquerda a palavra vento. Tinha passado as semanas anteriores no Alentejo e, se aquela tatuagem era uma ideia antiga, agora ela parecia fazer mais sentido do que nunca. “O vento é um elemento criador, que desarranja. E a costa alentejana tem uma força muito especial – é aquela solidão, é aquele silêncio. Aqui, mais do que falar de beleza, a conversa é sobre honestidade.”
Há vários anos que o fotógrafo de 35 anos anda a galgar os caminhos de terra batida do sul de Portugal. Mas, entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, descobriu uma outra versão de um território que se habituara a pensar como seu. “O inverno torna tudo diferente. Então eu quis olhar para as estranhas formas de vida que circulam nas dunas nesta altura do ano, para o cheiro específico que se sente quando se faz uma caminhada num dia frio, para aquele cenário bruto que está ali à espera de ser colhido.”
Na semana passada, a edição portuguesa da revista GQ deu destaque ao olhar de Daniel sobre o Alentejo, publicando-lhe um portfolio. E, no final de março, algumas destas imagens estarão também em exposição no castelo de Bourglinster.
“Em outubro do ano passado, eu e alguns amigos ganhámos um concurso público do governo luxemburguês para gerirmos um espaço cultural em Bourglinster”, explica. O Les Annexes, situado nas antigas cavalariças do castelo, acolherá residências artísticas, espetáculos de dança, exibições de artes plásticas, teatro. “E um dos primeiros eventos será uma exposição de fotografia chamada Entre ombre et lumière (Entre a sombra e a luz), que reunirá o trabalho de três artistas diferentes.
Christian Kieffer, um polícia de Bourglinster que pratica fotografia amadora é um deles. Outro é Luís Ayala, um colombiano de Medellin que é referência na
street photzography. E depois Daniel, que assina os seus trabalhos com o cognome Black Magic Tea.
Este seu Alentejo, assegura ele, também estará pendurado nas paredes.
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