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Dois terços da produção biológica de Portugal está concentrada no Alentejo

Existem em Portugal cerca de 4 mil explorações agrícolas certificadas para a produção em modo biológico, de acordo com a edição de 2021 do Recenseamento Agrícola do Instituto Nacional de Estatística. O Alentejo é a região mais representativa em termos de área cultivável para produção biológica, concentrando dois terços do total.

De acordo com a revista Visão, este número corresponde a um aumento de 214% face ao último recenseamento que se realizou em 2009. O crescimento deve-se à procura cada vez maior deste tipo de alimentos, quer por uma perceção pública de melhor qualidade, quer por preocupações ambientais. Em adição, a aposta das cadeias de distribuição neste nicho de mercado também criou maiores oportunidades para os produtores poderem escoar os seus produtos.

A área nacional certificada para a produção biológica ascende a 210 mil hectares, o que representa 5,3% da superfície agrícola em Portugal, sendo quase 70% reservada para pastagem.

Entre as culturas biológicas permanentes, o olival continua a ser o de maior expressão, com um total de 21 mil hectares, seguindo-se os frutos de casca rija, como a amêndoa e a noz, com 11 mil hectares, e a vinha, cuja produção em modo biológico é já de 4 mil hectares.

O cultivo de frutos vermelhos, como as framboesas e os mirtilos, são os que têm a maior percentagem de produção biológica no valor de 12,4% do total destes frutos produzidos em Portugal com o carimbo biológico.

No setor pecuário, Portugal também tem crescido com uma única exceção: a suinicultura, cuja produção em modo biológico caiu 24% em dez anos. No sentido inverso têm estado os produtores de bovinos, que viram as suas criações biológicas crescerem 127% na última década, atingindo um total de 73 mil cabeças.

É também no Alentejo que se encontra a maior parte do efetivo animal em produção biológica, nomeadamente 84% dos suínos, 68,6% dos bovinos e 68,2% dos ovinos.

De acordo com o recenseamento agrícola, as empresas agrícolas controlam um terço da superfície agrícola nacional e mais de metade das cabeças de gado existentes no país, o que se traduziu num crescimento exponencial do valor da produção. Em 2019, cada exploração agrícola gerou um valor médio de 23,3 mil euros, mais 8,1 mil euros que em 2009.

A grande maioria destas sociedades agrícolas, 51% do total, está concentrada no Ribatejo e no Alentejo. Em conjunto cultivam 1,26 milhões de hectares.

Já o olival tem sido uma das maiores apostas agrícolas dos últimos anos em Portugal. Nas produções tradicionais, cada hectare tinha em média cerca de 100 oliveiras, já hoje, com os olivais intensivos, alberga mais de 1,5 mil árvores. E este tipo moderno de produção registou um crescimento de 365% ao longo da última década. O olival já ocupa 377 mil hectares de terreno agrícola em Portugal, metade dos quais no Alentejo.

Também os frutos de casca rija têm aumentado a sua produção, que duplicou em dez anos. A instalação de amendoais intensivos no Alentejo e Beira Interior foi a principal responsável por este aumento.

Portugal tem uma população agrícola envelhecida, com uma idade média de 63,4 anos, a mais elevada da União Europeia, e que aumentou, segundo o estudo do INE, dois anos na última década.

A mão-de-obra familiar, constituída pelo produtor e o respetivo agregado familiar, ainda é a grande força de trabalho deste setor, mas o recurso a contratados tem vindo a crescer, registando um aumento de 38% ao longo da última década. O Alentejo e o Ribatejo são as únicas regiões do país onde o número de assalariados é superior à mão-de-obra familiar; contudo, o número de trabalhadores com formação tem vindo a crescer de forma exponencial: nos últimos dez anos, os profissionais qualificados tiveram um aumento de 322%.

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