O presidente do Fórum Energia e Clima, Ricardo Campos, alertou hoje para os ”perigos” que a região do Alentejo enfrenta devido às alterações climáticas, como também para as “oportunidades” que poderão criar a nível económico.
“O Alentejo tem nas alterações climáticas grandes ameaças, grandes perigos, mas estas alterações climáticas trazem também consigo uma grande oportunidade de transformação económica”, afiançou, numa sessão em Portalegre, segundo as Notícias ao Minuto.
O Alentejo é, para Ricardo Campos, uma das regiões “mais competitivas do mundo” para a produção de eletricidade a partir do Sol,sendo que, nesse sentido, as alterações climáticas podem igualmente gerar novos empregos e empresas, uma vez que a economia verde “cresce em todo o mundo seis vezes mais” do que outros setores da economia.
Ricardo Campos falava na cerimónia de assinatura do contrato do projeto “Guardiões”, cujos promotores são o Instituto Politécnico de Portalegre (IPP), o Fórum da Energia e Clima e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) Alentejo, num investimento de 2,4 milhões de euros.
O objetivo deste projeto, que conta com um prazo de execução de dois anos, é desenvolver estudos, ações de sensibilização, formação e informação no Alentejo sobre a problemática das alterações climáticas e potenciar o desenvolvimento das melhores soluções aplicáveis à região.
“Este projeto foi desenhado por nós com o objetivo de mobilizar, de informar, de trazer ao Alentejo maior conhecimento” e “as melhores práticas internacionais” para produzir “projetos que façam, de facto, a mudança”, afirmou o especialista.
Ricardo Campos desafiou ainda os parceiros de projeto para o desenvolvimento de várias temáticas, como a criação de um “grande centro de energias renováveis” onde se possa juntar “o saber” e “criar ambientes de inovação”.
O presidente do Fórum Energia e Clima alertou ainda que o Alentejo tem pela frente “um desafio enorme” na valorização dos resíduos, uma vez que os mesmos “não são lixo”, mas sim “o início de novas cadeias” de produção.
“Podemos também preocupar-nos neste projeto [em] tratar a questão da água. O Alentejo está muito exposto às alterações climáticas e a agricultura é também um setor importante”, disse.
Observando que Portugal tem “10 vezes menos” reservas de água do que Espanha, e apesar de o Alentejo contar com o Alqueva, e brevemente com a barragem do Pisão, no Crato (Portalegre), é importante “estudar novas formas” de ter reservas de água, para fazer face às alterações climáticas, bem como “inaugurar novas práticas” agrícolas mais sustentáveis, defendeu o especialista.
O coordenador do projeto “Guardiões”, Luís Loures, explicou aos jornalistas que esta iniciativa pretende ser um “laboratório vivo”, que visa a sensibilização ambiental junto de “todos” os setores de ensino, criando conteúdos com “conhecimento”.
Na vertente da formação, o objetivo é criar conteúdos para realizar ações presenciais ou online, e, na componente da informação, vão ter lugar conferências temáticas pela região.
Luís Loures, também vice-presidente do IPP, frisou ainda esperar que este “laboratório vivo” possa dar respostas às questões que preocupam o Alentejo em relação ao clima.
“Vamos fazer um levantamento de campo muito significativo, um conhecimento muito exaustivo do que são os impactos, daquilo que é o sistema produtivo, o ecossistema, como é que eles estão a regredir e que medidas é que podemos implementar no território para reverter a situação” das alterações climáticas, realçou.
O projeto conta com a participação de “mais de 20 investigadores”, e inclui especialistas em alterações climáticas e políticas ambientais, pedagogos, engenheiros do ambiente, arquitetos, engenheiros informáticos, arquitetos paisagistas, gestores, designers, profissionais de comunicação e economistas.
