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Municípios alentejanos da zona fronteiriça anseiam pela reabertura com Espanha

O encerramento das fronteiras terrestres com Espanha, desde janeiro, deixou a economia numa situação bastante difícil, sobretudo os concelhos da zona fronteiriça, como é o caso de Elvas, Campo Maior e Arronches, no distrito de Portalegre e Alandroal no distrito de Évora.

O fechar de fronteiras foi aceite como uma inevitabilidade, mas agora que a pandemia está mais controlada e com o prolongar dos efeitos do encerramento dos estabelecimentos, o restabelecimento das fronteiras está a ser visto como uma penalização acrescida e uma dificuldade maior para a economia regional.

O vereador refere ainda que “a decisão de abertura das fronteiras é da responsabilidade dos governos dos dois países. No entanto, a Câmara de Elvas tem mostrado a sua preocupação, tal como todas as localidades vizinhas da zona de fronteira”.
 
Sobre a situação em Campo Maior, o presidente da Câmara, João Muacho declara que “O comércio local está a sofrer algum revés, o que é normal, porque a vinda a espanhóis a Campo Maior, como de campomaiorenses a Badajoz, também dinamiza a economia, tanto de um lado como do outro”, 
 
A restauração de Campo Maior, menciona o presidente da câmara, será o setor mais afetado por este encerramento forçado de fronteiras, e com a consequente redução de clientes, até porque os “espanhóis gostam da gastronomia alentejana”. “A situação sanitária prevalece sobre a situação económica, é o que existe, de momento, e temos de aceitar”. No entanto, assim que as fronteiras possam abrir, o Município de Campo Maior está disponível para retirar, de imediato, as barreiras que impedem a passagem na fronteira do Retiro que liga Campo Maior a Badajoz e é um dos locais de passagem não autorizados, declara o presidente.
 
Arronches, no distrito de Portalegre, sofre com o encerramento da fronteira do Marco com La Codosera (Badajoz), pois o único ponto de passagem é a fronteira de Caia, em Elvas a mais de 50 quilómetros. As pessoas, sobretudo da freguesia de Esperança, “fazem vida de um lado de lá e de cá e esta situação veio trazer grandes transtornos”, comenta a presidente da Câmara de Arronches, Fermelinda Carvalho, que não esconde que, inicialmente, concordou com o encerramento de fronteiras em 2020, tendo em conta o medo e o desconhecimento que existia em torno do vírus da covid-19. “Mais tarde, percebi que não é por aí, não é isso que faz aumentar ou diminuir os casos”, alega a autarca.
 
Agora, Fermelinda Carvalho assegura que não faz sentido que as fronteiras se mantenham encerradas, “Há toda uma economia que é importante que funcione, nestas zonas raianas, mas essa economia foi travada por este encerramento de fronteiras”, acrescenta. A autarca lembra ainda que a economia nesta região é “bastante frágil”. “A restauração, felizmente, já está aberta, e já se provou que não é aí que os contágios acontecem. Nós somos um território com muito poucas pessoas e as pessoas aqui não andam, aos milhares, no mesmo local, pelo que eu acho que as coisas podem funcionar com os devidos cuidados”, concluiu a autarca.
 
A presidente do Município de Arronches recorda também que, por esta altura, são permitidas poucas pessoas nos restaurantes, quando em supermercados e outras superfícies comerciais podem estar, em simultâneo, “às centenas”. Os apoios do Governo às empresas, diz ainda, são “muito fracos”, situações que, conjugadas, com o encerramento das fronteiras, “empobrecem ainda mais este território”.
 
Alandroal, no distrito de Évora, é outro dos concelhos que sofre com o encerramento da fronteira com Espanha. O público espanhol tem vindo, ao longo dos últimos anos, a conhecer Alandroal, sobretudo devido à sua gastronomia, traduzindo-se numa “faixa importante dos visitantes” do concelho, situação que, por esta altura, devido ao encerramento de fronteiras, não é uma realidade, referiu o presidente João Grilo ao Diário de Notícias.
 
“Eu entendo que, durante muito tempo, se justificou esta medida (do encerramento de fronteiras), atendendo à situação pandémica, quer em Portugal, quer em Espanha, mas a situação tem evoluído positivamente, dos dois lados, e à medida que avança o desconfinamento também se torna mais difícil perceber por que é que esta condicionante se mantém”, refere.
 
O autarca adianta que gostaria de ver acontecer a reabertura de fronteiras o quanto antes, para que “as pessoas possam começar a circular”, até porque “o risco (de contágio) está muito mais baixo”. “Temos todos, de alguma forma, tentar compensar as restrições e contribuir para a manutenção da atividade económica”, diz ainda.
 
João Grilo confessa que espera que o assunto “esteja já a ser seriamente ponderado”, para que possa ser colocado no terreno, “o mais brevemente possível, face à realidade que se vive este momento e à necessidade que há de possibilitar às pessoas que circulem entre os dois lados”.
 
 
Fonte: DN
 

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