Autarca e GNR dizem que a operação aconteceu sem incidentes. Número de militares usado foi o “adequado”, diz a Guarda. Zmar critica acção das autoridades.
O realojamento de 49 pessoas no empreendimento ZMar e na Pousada da Juventude de Almograve, em Odemira, decorreu durante a madrugada devido a dificuldades na articulação dos vários intervenientes, disse esta quinta-feira o presidente do município.
Em declarações em jornalistas, nos Paços do Concelho, no distrito de Beja, José Alberto Guerreiro referiu que “durante a madrugada foram realojadas 21 pessoas no empreendimento ZMar e 28 na pousada da juventude de Almograve”.
Em causa, sublinhou, está o processo de realojamento de pessoas que não estão obrigadas a um confinamento profiláctico, no contexto da pandemia de covid-19, nomeadamente dos trabalhadores de explorações agrícolas que vivem em situação de insalubridade.
“Tínhamos planeado efectuar o realojamento dessas pessoas ao final da tarde, mas algumas dificuldades impediram que isso fosse concretizado e daí ter decorrido durante a madrugada, sem quaisquer incidentes”, frisou.
Também presentes nos Paços do Concelho, o comandante regional da Protecção Civil de Beja, José Ribeiro, e o comandante distrital de Odemira da GNR, Marques da Silva, confirmaram a inexistência de incidentes no processo.
O responsável da Protecção Civil disse aos jornalistas que “o transporte dos trabalhadores para os campos agrícolas está assegurado, bem como o acesso a todos os bens essenciais”. “A operação foi feita num âmbito de um despacho governamental e foi desencadeada de forma a respeitar os direitos das pessoas envolvidas”, destacou José Ribeiro.
Marques da Silva disse que o número de militares destacados “foi o adequado para garantir a segurança da operação da responsabilidade da protecção civil municipal”.
A actuação da polícia no Zmar foi criticada por Pedro Pidwell, administrador de insolvência da Multiparques A Céu Aberto, a empresa que detém o empreendimento. Segundo esta fonte, a polícia forçou a entrada no empreendimento turístico esta madrugada, apesar de na véspera o administrador de insolvência do resort ter manifestado a intenção de colaborar com as autoridades e ter garantido que não ia haver resistência ao cumprimento da requisição civil decretada pelo Governo para acolher imigrantes que necessitem de ficar isolados por causa da pandemia de covid-19.
Autarca pede levantamento da cerca
José Alberto Guerreiro disse esta quinta-feira ter pedido ao primeiro-ministro, na quarta-feira, o levantamento da cerca sanitária aplicada em duas freguesias do concelho, por se verificar um decréscimo acentuado de casos activos de covid-19.
“Ontem a Câmara consensualizou que fosse remetido ao senhor primeiro-ministro uma proposta a pedir que ponderem o eventual levantamento da cerca sanitária e a explicar o contexto em que estamos”, indicou.
Segundo o autarca, o documento enviado na quarta-feira ao Governo está alicerçado em três aspectos fundamentais: a descida muito acentuada de casos activos de covid-19, o considerável decréscimo de infecções nas freguesias sob cerca sanitária, e o sofrimento e as dificuldades das populações locais na gestão das suas vidas e das actividades económicas.
As freguesias de Longueira-Almograve e São Teotónio, em Odemira, estão em cerca sanitária desde a semana passada por causa da elevada incidência de covid-19 entre os imigrantes que trabalham na agricultura na região.
Na sexta-feira, o Governo determinou “a requisição temporária, por motivos de urgência e de interesse público e nacional”, da “totalidade dos imóveis e dos direitos a eles inerentes” que compõem o complexo turístico ZMar Eco Experience, na freguesia de Longueira-Almograve (Odemira), para alojar pessoas em confinamento obrigatório ou permitir o seu “isolamento profiláctico”.
O complexo Zmar ocupa 80 hectares na freguesia de Longueira-Almograve, integra serviços comuns, como piscina ou spa, e cerca de 260 casas individuais, das quais perto de 100 pertencem ao próprio empreendimento e as outras 160 são de privados.
Desde que foi determinada a requisição temporária do Zmar, para alojar pessoas em confinamento obrigatório ou permitir o seu “isolamento profiláctico”, os proprietários destas casas têm protestado contra a decisão do Governo.
Na quarta-feira, o advogado que representa um grupo de proprietários revelou que interpôs em tribunal uma providência cautelar contra a fundamentação da requisição temporária do complexo turístico.
Fonte: Lusa e PÚBLICO