Os animais vivem dias de sede no Alentejo. Este verão de 2015, especialmente quente e seco, trouxe às nossas planícies a seca, severa e extrema na maior parte dos casos. Segundo informações do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), no final de Julho, já 79% do território português estava a sentir as consequências da falta de água.
Após um inverno pouco chuvoso e uma primavera seca, é no verão que a pecuária se começa a ressentir com a falta de recursos hídricos. As pastagens, tanto as semeadas como as espontâneas, não tiveram, por isso, um desenvolvimento normal o que levou a uma baixa na produção de alimentação animal. “Grande parte das explorações já estão a dar de comer à mão aos animais, com rações, palhas e fenos adquiridos (…) começa ficar dispendioso”, relatou à Rádio Campanário o Engo. Nelson Figueira, da Associação de Jovens Agricultores Portugueses.
Também “ (…) as altas temperaturas aliadas à deficiente precipitação provocam a impossibilidade do aproveitamento da água”, o que compromete tanto a qualidade como a quantidade destinada aos animais. De tudo isto resulta um aumento de gastos para o criador, tanto na compra de alimentação como no transporte de água, onde ela existe.
A curto prazo, como consequências da falta de água, e caso a seca se prolongue por muito mais tempo, podemos vir a assistir, por um lado, à morte de animais e por outro ao agravamento da já difícil vida dos criadores de gado, sublinhou o Engo. Nelson Figueira, à nossa rádio.
Nestas alturas os apoios comunitários são fundamentais para a subsistência de uma atividade como a agropecuária, nomeadamente por parte do IFAP (Instituto de Financiamento de Agriculturas e Pesca), de onde poderia advir uma “antecipação de ajudas”, sobretudo para a compra de alimentos para os animais.
Em vantagem estão os agricultores abrangidos pela água do Alqueva, cujas regas e acesso à água para os animais, estão salvaguardadas. Contudo, a maior parte do solo alentejano não está abrangido pelo Grande Lago “(…) nem o Alqueva consegue lá chegar, e aí sim, residem os problemas”, referiu o Engo. Nelson Figueira.
De acordo com IMPA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera), as previsões não são animadoras relativamente à ausência de precipitação, pois a época do ano em que nos encontramos faz antever um agravamento da situação de seca.