Está oficialmente aberta a época das vindimas. O finalzinho do verão é a altura, por excelência, do início das vindimas, uma arte secular, cuja colheita, envolta num ambiente festivo de amizade e entreajuda, é uma das mais importantes etapas até produção do néctar sagrado, o vinho.
Anualmente as vindimas ocorrem entre Setembro e Outubro, quando as uvas, já maduras, com peso, cor e acidez revelam as condições propícias à produção de vinho. Contudo, este ano a temporada começou mais cedo, nas últimas semanas de Agosto, devido ao ano quente e seco que Portugal atravessa.
As previsões, para este ano, são, no entanto, bastante animadoras. Segundo a Comissão Vitivinícola da Região Alentejo (CVRA), prevê que este ano sejam produzidos cerca de 120 milhões de litros de vinho de muito boa qualidade, no Alentejo.
Desde a sua génese, a vindima é época de celebrar. Antigamente decorriam ao som do folclore com suas as gentes vestindo trajes típicos portugueses, pautado por um ambiente familiar. Hoje em dia, em muitas quintas e vinhas, a vindima ainda é feita de forma tradicional, por motivos de genuinidade mas tendencialmente turísticos, apesar de a mecanização do processo ser cada vez mais uma realidade.
A vida das vindimas nesta região não é de todo fácil, para além do já esperado esforço físico da recolha e poda, os vindimadores estão sujeitos às altas temperaturas alentejanas, e a jorna começa bem cedo, logo pelas cinco da manhã e termina por volta do meio-dia.
Mas, como forma de esquecer todos os contras, há a recompensa monetária. “Ir há vindima”, expressão popularmente utilizada, dá algum dinheiro, muitas pessoas chegam mesmo a tirar férias do seu trabalho anual para ingressarem nas largas dezenas de vindimadores. Ainda é uma arte bem paga.
Hoje em dia, e como sinal dos tempos, muitos enólogos defendem as vindimas noturnas sob a luz do luar, enumerando diversas vantagens em todo o processo, nomeadamente: evita a perda das características da uva (aroma e acidez), resguarda os vindimadores do calor tórrido do verão alentejano e ainda proporciona uma significativa poupança energética.
Do Douro ao Alentejo, vive-se por estes dias o frenesim das vindimas, cuja diversidade e qualidade de castas contribui para que Portugal seja um dos maiores e melhores produtores vitivinícolas do mundo.