Os trabalhos, no âmbito do projeto “LIFE – Água da Prata”, arrancam nos “próximos dias”. O município eborense espera reduzir o impacto da utilização da água tratada da rede pública e poupar, por ano, cerca de 120 mil metros cúbicos.
O Aqueduto da Água da Prata, uma das obras mais relevantes da primeira metade do século XVI na cidade de Évora, com 18 quilómetros, vai ser reativado através do projeto “LIFE – Água da Prata”, por iniciativa da Câmara Municipal.
“O projeto “LIFE – Água da Prata” integra a estratégia global do município para tornar Évora uma cidade mais sustentável, amiga do ambiente, e melhor preparada para enfrentar os efeitos nocivos das alterações climáticas”, fundamente a autarquia num comunicado enviado à Renascença.
Os trabalhos com “inicio nos próximos dias”, vão possibilitar substituir a água tratada que é utilizada na rega dos espaços verdes da cidade, “por água proveniente de nascentes e captações naturais, transportada através do aqueduto.”
O município acredita que, desta forma, “será minimizado o impacto da utilização da água tratada da rede pública”, com benefícios “ambientais e económicos”, esperando-se uma “poupança de 120.000 m3 por ano.”
Inaugurado em 1537, o Aqueduto da Água da Prata que levava a água para consumo humano até ao centro da cidade, regressa à sua função, embora com uma finalidade diferente, mas continuando a transportar a água “por gravidade e respeitando os métodos originais”, explica o município, ao mesmo tempo que garante que “o monumento não será minimamente afetado na sua traça original.”
Refira-se que a água a utilizar na rede de rega é proveniente das nascentes e dos poços da Graça do Divor, que atualmente não é aproveitada, e que será limpa e reabilitada.
Na cidade, o projeto “LIFE – Água da Prata” prevê a construção de uma rede de condutas, a instalar em áreas verdes ou terrenos livres, destinada exclusivamente a distribuir a água do aqueduto por grande parte dos jardins, além de um reservatório para regularizar o caudal.
O projeto “LIFE – Água da Prata” inclui ainda ações que visam adaptar estruturalmente alguns espaços verdes da cidade, para melhor resistirem a ondas de calor e fenómenos de precipitação extrema. Os trabalhos incluem plantações de árvores nos jardins para aumento do ensombramento, melhorando assim as condições microclimáticas dos jardins no verão, proporcionando um ambiente mais fresco e também menor necessidade de rega.
Entre os impactos positivos, além da poupança de 120 milhões de litros de água tratada por ano, a autarquia estima possa verificar-se uma “redução de 2,16 toneladas de emissões de CO2 (dióxido de carbono)”, atendendo à redução do consumo energético em bombagem de água, uma vez “que 50% das áreas verdes serão abastecidas por gravidade.”
O aumento de ensombramento, da resiliência a inundações e a fenómenos de precipitação extrema, são outros benefícios invocados pela Câmara eborense.
Ao longo dos séculos o Aqueduto da Água da Prata sofreu algumas alterações entre acrescentos e demolições. Parcialmente restaurado no século XVII, em consequência das guerras da Restauração, o aqueduto foi objeto de sucessivas beneficiações durante os séculos XIX e XX, não se alterando, contudo, a sua fisionomia.
Classificado como monumento nacional desde 1910, o aqueduto está inscrito na lista de 50 monumentos de interesse mundial pelo World Monuments Fund (WMF), uma organização internacional não-governamental que se dedica à monitorização e preservação do património cultural mundial.
Com um orçamento total de 1.354.352 euros, o projeto “LIFE – Água da Prata” foi candidatado pelo município de alentejano aos apoios comunitários da União Europeia, tendo obtido cofinanciamento a 60% através do Programa LIFE da União Europeia.
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