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Montemor-o-Novo – Assinalam-se hoje 63 anos do assassinato de José Adelino dos Santos

CM Monte,or-o-Novo

O Núcleo de Montemor-o-Novo da URAP -União de Resistentes Antifascistas, assinalou, hoje,  23 de Junho de 2021, os 63 anos do assassinato de José Adelino dos Santos.
 
A convite do Núcleo, a Presidente da Câmara Municipal, Hortênsia Menino associou-se à Evocação a José Adelino dos Santos, com o gesto simbólico de colocação de cravos vermelhos no Monumento, erguido em 1986 pela URAP, em sua homenagem.
 
Segundo o Roteiro Literário Levantado do Chão, promovido pelo Município de Montemor-o-Novo, podemos recordar a manhã do dia 23 de junho de 1958, em que José dos Santos, António Farrica, António Malhão, João Machado, entre outros, percorreram as zonas limítrofes da vila em ações de mobilização junto do povo trabalhador, para a jornada reivindicativa e contestatária dessa mesma tarde. António Farrica e João Machado são presos pela GNR e João Machado é violentamente agredido. Nem estes acontecimentos, nem o facto de também ter sido intercetado e ameaçado pela GNR nessa manhã, demoveram José dos Santos de participar na concentração do povo trabalhador.
 
José dos Santos nasceu em 1912, era conhecido pelo nome próprio do pai, Adelino, foi um militante comunista, preso duas vezes pela PIDE, em 1945 e 1947, e assassinado a 23 de junho de 1958. O eco de revolta da sua morte verificou-se de norte a sul, gerando um clima de contestação a nível nacional. José dos Santos era um homem muito admirado entre os montemorenses.
 
“Encheu-se o largo. Os de Monte Lavre estão juntos, Gracinda única mulher, seu homem Manuel Espada, seu irmão e seu pai António e João Mau-Tempo, e Sigismundo Canastro que diz, A gente não se separa, e também estão dois que se chamam José, um que é Picanço e bisneto dos Picanços moleiros da Ponte Cava, e outro Medronho, de quem nunca foi preciso falar até agora. Estão num mar de gente, dá o sol neste mar e arde como uma cataplasma de ortigas, no castelo abrem-se sombrinhas, é uma festa. […] Já os gritos começaram, Queremos trabalho, queremos trabalho, queremos trabalho, não dizem muito mais do que isto, só daqui e dalém um insulto, ladrões, e tão baixo como se de os haver se envergonhasse quem o lança, e há quem grite, Eleições livres, agora que adianta, mas o grande clamor sobe e abafa todo o resto, Queremos trabalho, queremos trabalho, que mundo este haver quem de descansar faça ofício e quem trabalho não tenha, mesmo pedindo. (Saramago, José, Levantado do Chão, 2014, p.330-331).
Conforme nota publicada pelo Município de Montemor-o-Novo, na sua página de Facebook.

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