Trabalhadores rurais de Odemira ainda vivem sem condições. Alberto Matos, coordenador da delegação da associação Solidariedade Imigrante de Beja, afirma que os trabalhadores rurais continuam a ser explorados.
Em entrevista à TSF, o dirigente da Associação Solidariedade Imigrante em Beja lamenta que, três meses depois de o Governo ter prometido soluções para responder à falta de condições em que vivem os trabalhadores rurais de Odemira, nada tenha mudado. Alberto Matos afirma que se tratou de uma “operação cosmética e de marketing”.
Há três meses, mais de meia centena de alojamentos para estes trabalhadores foram alvo de inspeção, que identificaram locais sobrelotados, sem condições dignas, e a necessidade de transferir pessoas para outros locais. Em maio, o Ministério das Infraestruturas e da Habitação e o município de Odemira assinaram um memorando para concluir a Estratégia Local de Habitação, com o objetivo de identificar “todas as situações de carência habitacional”, documento que deveria estar concluído em julho.
Alberto Matos, coordenador da delegação da associação Solidariedade Imigrante de Beja, afirma que os trabalhadores rurais continuam a ser explorados e que o Governo nada fez para resolver este problema.
“Isto é uma situação estrutural, não se altera com pormenores, nem com operações de marketing. Naturalmente, as culturas continuam a necessitar de mão-de-obra, o sistema de contratação continua exatamente o mesmo, isto é, através de intermediários que exploram os trabalhadores no trabalho, na habitação e no transporte. Portanto, podem ter baralhado e dado de novo, mudar as pessoas de algumas casas mais degradadas, mas basicamente a situação mantém-se”, sustenta.
Alberto Matos sublinha que a pandemia mostrou a fragilidade a que estes trabalhadores estão expostos, mas em setembro arrancam as campanhas das vinhas e da azeitona e o cenário vai repetir-se.
O dirigente da Associação Solidariedade Imigrante em Beja defende que “os imigrantes estão a pagar a fatura do desentendimento entre o governo e o SEF. Há cerca de 50 mil imigrantes à espera de poderem regularizar a sua situação no país, e, até que isso aconteça, não conseguem mudar de vida.
Fonte: TSF