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Vinhos alentejanos: conheça as suas particularidades e as principais características

Rústica, charmosa e com paisagens marcantes: assim é a região de Alentejo. Ela também nos surpreende com a sua capacidade de elaborar vinhos únicos e distintos dos demais, sendo exemplos da qualidade que Portugal conseguiu transportar nas suas garrafas.

O Alentejo tornou-e umas dos mais importantes produtores de vinho nos últimos anos e alcançou o seu reconhecimento na década de 80. Isso, graças ao avanço da viticultura e dos processos de vinificação, aliados ao legado das parreiras centenárias.

Em Portugal, a produção de vinho iniciou-se há muito tempo e a plantação da primeira vinha em território português ocorreu em 2000 a.C., pelos tartessos. No entanto, os romanos foram aqueles que generalizaram a cultura do vinho em Alentejo.

Ainda podemos encontrar resquícios dos processos tradicionais herdados dos romanos, como a fermentação realizada em talhas de barro. Mas foi apenas em meados do séc. XVII que os vinhos ganharam fama e prestígio em Portugal, o que incomodou o Marquês de Pombal.

Isso porque ele tinha interesse na região do Douro, que hoje também é uma das principais produtoras de vinho em Portugal. Então, ele mandou arrancar as vinhas, praticamente extinguindo-as. Depois disso, várias medidas foram tomadas para recuperar a área.

Entre elas está a fundação da primeira Adega Social de Portugal. Mais tarde, foi criado o Projeto de Viticultura do Alentejo (PROVA), apoiado pela Associação Técnica dos Viticultores de Alentejo (ATEVA) e pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA).

Como resultado dessas parcerias, as primeiras zonas vitivinícolas foram reconhecidas, por decreto, como aptas para a produção de Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada (VQPRD), com direito à denominação de origem (DO), Alentejo, e à indicação geográfica (IG), Alentejano. Assim, a qualidade dos vinhos do Alentejo cresceu exponencialmente.

Hoje, o Alentejo é uma das principais regiões vitivinícolas de Portugal, onde se perde de vista pelas suas imensas planícies povoadas de vinhedos.

As principais, para efeitos de regulamentação da denominação de origem controlada (DOC), são as sub-regiões: Borba, Évora, Granja-Amareleja, Moura, Portalegre, Redondo, Reguengos e Vidigueira. As demais são denominadas como Vinho Regional Alentejano.

O Alentejo tem uma grande diversidade de solo e clima dentro da mesma região, cada uma com a sua singularidade expressa nas suas garrafas. Os solos predominantes são de xisto, argila, mármore, granito e calcário.

Também têm uma drenagem natural favorável, o que os torna aptos para a cultura de uvas. A variação climática anual, com sol forte e altas temperaturas no verão e frio seco no inverno, possibilitam a produção de uvas excelentes, com uma combinação natural de maturidade e frescor.

A posição meridional e a ausência de relevos são os responsáveis por essas características mediterrânica e continental do clima. Já o tipo de relevo predominante na região é a planície, apesar de Portalegre sofrer a influência da serra de São Mamede.

A grande maioria das vinhas é cultivada com base em práticas de proteção integrada para proteger o meio ambiente. Sustentabilidade é a prioridade,  além de fortalecer a preservação ambiental, a iniciativa garante a longevidade das vinhas.

Todos esses fatores contribuem para o cultivo de inúmeras castas, que resultam em bebidas incríveis. Há inúmeras castas plantadas. Entre os vinhos brancos, a uva Antão Vaz, é a maior aposta da região. Também encontramos com maior facilidade as castas nativas Arinto Fernão Pires e Roupeiro. Enquanto nas tintas, destacam-se Alicante Bouschet, Aragonês e Trincadeira.

Mas as possibilidades de corte são inúmeras, o blend mais habitual é composto por Castelão, Aragonês e Trincadeira. Sem contar que é possível encontrar vinhos regionais elaborados com Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Syrah ou Chardonnay. Com tamanha pluralidade e diversidade, é invejável a qualidade dos vinhos alentejanos.

Os vinhos alentejanos são bastante aveludados e, geralmente, têm ótima concentração de frutas silvestres e vermelhas. São vinhos prontos para beber ainda jovens. Também é possível encontrar bons vinhos brancos elaborados no Alentejo, apesar de serem bebidas menos tradicionais.

Os vinhos brancos costumam ser suaves, ligeiramente ácidos e apresentam aromas de frutas tropicais. Apesar das diferenças marcantes de cada sub-região, os vinhos apresentam características únicas entre si. Em geral, eles são sedutores e elegantes.

Fonte: Lucas Simões – Enólogo 

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