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Segunda-feira, Novembro 25, 2024

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Ammaia, a proposta para visitar a cidade romana encantada do Alentejo!

Ammaia, a cidade romana encantada próximo de Marvão, no Parque Natural da Serra de S. Mamede, pode ser uma optima sugestão para um passeio no rpóximo fim-de-semana e feriado.

Deixamos, pois, aqui a reportagem feita pela National Geographic, sobre a cidade romana de Ammaia sempre foi uma das cidades em que muitos arqueológos sonharam trabalhar. Aos poucos, tem sido desvendada.

Houve uma fase em que Ammaia era quase mítica, desconhecendo-se a sua localização concreta. Mais tarde, confirmado o local, a cidade contagiou todos os que a visitaram e que procuram nas ruínas pistas da sua velha importância e da imponência e cultura que o Império Romano nos legou, neste cantinho da Lusitânia. Um dos mais importantes, José Leite de Vasconcelos, também teve o seu cunho na descoberta e recolha de objectos de Ammaia, além da sua localização definitiva em 1934 com a descoberta da inscrição da civitas ammaiensis.

Ammaia foi implantada numa suave encosta junto do rio Sever, em São Salvador da Aramenha, Marvão. A área urbana da cidade contará com uma superfície de cerca de 25 hectares, espraiando-se a totalidade dos vestígios por cerca de 100 hectares.

Para que o leitor perceba um pouco deste importante Monumento Nacional, nada como fazer uma visita ao Campo Arqueológico de Ammaia, começando pelo museu, onde se encontram as peças arqueológicas que caracterizam esta importante época histórica, tantas vezes considerada a precursora da actual União Europeia.

No museu, que abriu ao público em 2001, encontra-se em exposição parte do imenso espólio recolhido nos trabalhos de escavação arqueológica realizados na cidade desde 1994. O edifício do museu, datado possivelmente do século XVI, foi construído sobre antigas casas romanas, erigidas entre os séculos I e IV/V d.C.

Ali se apreciam a exposição permanente e as inscrições dedicadas a divindades indígenas e romanas e inscrições honoríficas em honra de personalidades. O conjunto epigráfico de Ammaia, aliás, sugere uma imagem da evolução administrativa da cidade e da estrutura social da população. Na área da numismática, existe uma notável quantidade de moedas que permitem ver a evolução da circulação monetária com exemplares de todo o mundo romano. A colecção de cerâmica caracteriza-se pelas formas simples, perfeitos artefactos de uso quotidiano, de aspecto modesto, onde nem sempre estão ausentes a elegância e a beleza dentro de uma simplicidade e sobriedade. E outros objectos, testemunhosmateriaisdestacultura (como anéis), pedras de anel, brincos, braceletes, contas de colar, amuletos, alfinetes de toucado e um dado de jogo e uma colecção de vidro, extraordinariamente conservados.

Ammaia situa-se num território agrícola riquíssimo. Os seus proveitos poderiam advir do rendimento das terras, bem como de pedreiras e minas. Azeite, vinho e cereais constituíam os principais produtos. No território administrativo da cidade, abundava ouro aluvionar, chumbo argentífero e também cristal de rocha, facto já referido por Plínio.

A cidade é seguramente a estrutura que melhor reflecte a civilização romana. Acentua a divisão entre dois mundos: o rural eo urbano. Em Ammaia, foi possível confirmar a existência de um traçado ortogonal quase perfeito com os resultados obtidos no projeto Radio-Past da União Europeia entre 2009 e 2013. Durante este projecto, foi possível efectuar o levantamento geofísico da área da cidade e descobrir a sua planta, que permitiu conhecer o traçado das ruas, a localização dos espaços públicos civis e religiosos, as zonas comerciais, as áreas residenciais e até as necrópoles.

A visita a Ammaia deve começar pela Porta Sul, uma das áreas mais escavadas e monumentais. Foi em 1995 que aqui começaram as escavações arqueológicas. Além das torres e da entrada na cidade, foi possível identificar a muralha e uma praça pública que ladeava simetricamente a principal rua da cidade que atravessa a área urbana no sentido sudeste-noroeste, ligando a praça ao coração da cidade, o Fórum. A praça terá sido construída no fim do século I ou no início do século II d.C. Em 1710, foidaqui retirado e levado para Castelo de Vide um arco monumental que se encontrava entre as torres. Sobe-se depois a encosta até onde, em 1999 e posteriormente em 2009, foram postos a descoberto, junto da Estrada Nacional 359, os vestígios de um importante edifício termal. Neste local, foram identificados diversos compartimentos balneares compatíveis com as actividades aípraticadas, desde áreas de vestíbulo, áreas de banhos quentes e frios e zonas de lazer. São ainda visíveis uma pequena piscina interior e outra de grandes dimensões que estaria localizada fora do edifício.

Ao seguir para o centro da cidade, deve visitar-se o Fórum. O espaço está localizado numa plataforma artificial sobranceira à cidade. É um conjunto monumental de edifícios de grandes dimensões sumptuosamente decorado. Aqui estava o centro administrativo da cidade e do seu território. Neste espaço, localizavam-se os mais importantes edifícios onde se exercia a cidadania. O templo elevado na praça acolhia as cerimónias religiosas e seria dedicado ao culto imperial e a outras divindades cultuadas pelos romanos. De frente para o templo, estava uma praça ladeada por um pórtico com diversas lojas e, no outro extremo, a basílica, um edifício multifuncional que albergava áreas públicas e sociais, onde se exercia o poder político e judicial.

Desde 2014, as intervenções arqueológicas em Ammaia foram maioritariamente desenvolvidas na área do Fórum, tendo sido possível descobrir parte do pórtico que envolvia o templo e a principal entrada a oeste que possuía um arco monumental.

Na parte exterior deste espaço, foi entretanto posto a descoberto um tramo da rua que corresponde ao cardus a oeste do Fórum, paralelo ao cardus maximus que seguia da Porta Sul em direcção a noroeste. Esta zona arqueológica permitiu verificar a existência de estruturas romanas bem conservadas, incluindo uma grande insula (prédio) ainda com parte da estrutura do pórtico que acompanhava a rua. A cronologia deste complexo parece indicar uma ocupação desde o século I d.C. até épocas bastante tardias, posteriores mesmo à época romana, mas que terão de ser devidamente confirmadas.

Em 2019, foi possível descobrir o anfiteatro da cidade. Trata-se do quinto anfiteatro conhecido na antiga Lusitânia. De medianas dimensões, possuía uma infra-estrutura pétrea e bancadas de madeira. Ainda se investiga a planta do edifício e os compartimentos associados à arena e a todo o complexo lúdico.

 

 Texto: Joaquim Carvalho / https://nationalgeographic.pt/

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