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Bonecos de Estremoz poderão integrar a Lista Representativa da Unesco (c/som)

Depois de já se encontrar inscrita a “Produção do Figurado em Barro de Estremoz” no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, na sequência da proposta elaborada pelo Município de Estremoz, a mesma deverá constar na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade.  

A produção do figurado de barro de Estremoz constitui uma prática tradicional de carácter marcadamente artesanal, emblemática da comunidade e do centro de produção que lhe conferem a designação, caracterizada pela manufatura de peças de caráter eminentemente religioso, simbólico, lúdico ou decorativo.

Em declarações à Rádio Campanário, o Presidente da Câmara Municipal de Estremoz, Luís Mourinha refere que a candidatura que foi aprovada em reunião de câmara “é para o final do processo que já devíamos ter dado início há um ano e estamos com expetativa que venha a ser possível a sua aprovação este ano ainda, ou no próximo ano”.

Luís Mourinha declara que o fundamental “é haver uma arte que seja única no mundo, os Bonecos de Estremoz são uma arte muito desenvolvida em Estremoz, são únicos no mundo”, embora “haja ligeiras aproximações numa cidade no Brasil, que também tem uns bonecos que se aproximam aos nossos (…) são os únicos que conhecemos, os Bonecos de Estremoz têm uma característica muito própria, além das tintas e das cores, e o processo de fazer o próprio boneco e isso é que é a grande novidade, a diferença entre todos os bonecos conhecidos em todo o mundo e é por isso que temos a expetativa positiva de vir a ser aprovada rapidamente”.

Questionado sobre se as parecenças poderão de alguma forma condicionar o processo de inscrição na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade, o autarca diz que não existe essa possibilidade porque “eles é que se estão a aproximar do nosso processo para verem como é que isto foi desenvolvido, são parecidos mas o modelo de fazer o boneco é completamente diferente (…)”.

O Presidente da Câmara Municipal de Estremoz salienta que “há vários” artesãos a fazer os Bonecos de Estremoz, “e a tendência é os jovens aproximarem-se e até que seja aprovado mundialmente o reconhecimento, vamos ter muito mais procura para os jovens entrarem neste processo de arte”.

Instado, afirma que “é um processo que já não passa por nós, passa pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, mas a informação que temos é que irá seguir e há a possibilidade de a 31 de Março deste ano poder vir a ser aprovado, se não for este ano, há-de haver no próximo ano essa possibilidade”.             

Tendo consistido originalmente numa atividade exclusivamente feminina, a prática e a aprendizagem da produção do figurado de barro de Estremoz, realiza-se desde há mais de um século sem qualquer exclusão de género, quer em contexto oficinal, quer em contexto familiar, verificando-se que os laços de parentesco desempenharam desde sempre um papel primordial na transmissão da tradição.

Inscrita num tempo longo, esta prática cultural caracteriza-se na atualidade pela permanência dos processos tradicionais de modelação do barro e pelas diversas tipologias de figurado sucessivamente desenvolvidas e incorporadas na tradição artesanal local, não obstante as diversas adaptações técnicas e tecnológicas realizadas nas últimas décadas.

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