Decorreu recentemente o V Fórum do Corredor Sudoeste Ibérico, em Badajoz, sobre a temática do impulso e compromisso político territorial, no qual João Grilo, presidente do Conselho de Administração da Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo (ADRAL), e presidente do concelho de Alandroal, teve a oportunidade de discursar no seu encerramento. A Rádio Campanário entrevistou o autarca que falou na necessidade de aproveitar este investimento em prol da região.
João Grilo começa por destacar que “a importância [deste Fórum] prende-se com as dinâmicas que existem de um lado e de outro da fronteira, que esperam com ansiedade que exista uma linha Ferroviária que permita que elas cresçam”.
Assim “tivemos a oportunidade, neste V Fórum, dando sequência ao que já vem sendo feito, de tomar conhecimento de novos projetos que estão em desenvolvimento, quer do lado português, quer do lado espanhol” e “que, naturalmente, esperam beneficiar da possibilidade de transportar mercadorias e passageiros, através da linha que está em construção”
“a questão do corredor sudoeste-ibérico não é só uma questão da linha ferroviária”, salienta, pois “ao termos linha poderemos ter vários pontos onde a região possa beneficiar das dinâmicas económicas daí resultantes”
Nesse sentido, “todos sabem que nós continuamos a defender a importância de um terminal de carga e descarga, no Alandroal e Vila Viçosa, na confluência da zona dos Mármores”, que venha “a dar resposta à indústria dos mármores e às outras indústrias da região”, assim como “também a possibilidade dos passageiros, que já foi recentemente confirmada pelo Sr. Primeiro-Ministro e que naturalmente também nos traz importantes perspetivas”, sejam elas “ligadas à mobilidade das pessoas” ou à “vinda de visitantes, quer do lado português, quer do lado espanhol”, salienta João Grilo.
Por outro lado, “o que resulta também deste fórum é que, apesar da questão da ferrovia ser importantíssima e ser até o coração de toda esta questão, há outras dinâmicas que precisam crescer de um lado e de outro da fronteira”, sublinha.
Pois “nós não temos só uma rede deficitária a nível da ferrovia, também temos ao nível da rodovia, também temos das ligações fluviais, sobretudo da navegabilidade” e, assim, “temos uma das zonas fronteiriças mais antigas da Europa, mas ao mesmo tempo das mais deprimidas”. Isto é, “temos um enorme vazio na ligação do Alentejo e a Extremadura espanhola, o que é algo que já não acontece em mais lado nenhum da Europa.
Desta forma, esta deve ser “uma prioridade para todos nós, alterar este paradigma”.
No que diz respeito à linha em construção, João Grilo aponta que “do lado português será concluída em 2024” e “do lado espanhol também estão a ser realizadas as obras necessárias para passarmos a ter esta linha”. Por isso “a questão agora é o que é que vamos fazer com ela: se vamos tirar o máximo partido deste investimento em benefício de toda a região e da ligação Lisboa-Madrid; ou se vamos ficar a meio caminho, o que seria algo que seria incompreensível”.
“É por isso que empresários portugueses e espanhóis se juntam para discutir estas temáticas, com as entidades públicas, para demonstrar que precisam realmente que o aproveitamento seja feito”, conclui o presidente da ADRAL.