A Presidente da Câmara Municipal de Alandroal considera que “a vida do município vai melhor porque foi invertido um ciclo, “a tendência do aumento da divida da câmara, anualmente, num milhão e meio de euros”, afirmando que “não só não aumentamos nestes dois anos e pouco de mandato a divida anterior, como temos vindo a reduzi-la “.
Mariana Chilra, em entrevista à Rádio Campanário declarou que este executivo está “a andar ao contrário, no sentido de que, todos os anos estamos a reduzir a divida da câmara. Reduzimos em 2014 num valor próximo de um milhão e meio e no ano de 2015, estamos ainda no apuramento final das contas, que irão ser prestadas na próxima reunião de câmara e na próxima Assembleia Municipal, mas estamos em condições de afirmar que conseguimos reduzir a divida da câmara num milhão e seiscentos mil euros. Comparando com aquilo que nós tínhamos nos últimos anos, estamos a falar de valores bastante significativos porque era habitual aumentar-se a divida da câmara anualmente à volta de um milhão e meio de euros e se nós invertemos a situação e reduzimos um milhão e meio, estamos a falar de uma diferença de gestão anual de cerca de três milhões de euros”.
Instada sobre o que representa esta redução num total de cerca de 22 milhões de euros de divida registada, a autarca refere que “esta era a dívida registada na câmara” mas para além deste valor, “havia perto de dois milhões de euros que não estavam registados”, destacando “os juros da dívida, uma dívida à Pavia de cerca de 750 mil euros, valores que são bastante significativos (…) que nós registamos no ano de 2014”.
Questionada sobre a proveniência da receita para fazer face à redução da divida da autarquia, Mariana Chilra diz que foi possível com base “numa gestão muito criteriosa, muito rigorosa, não tivemos um aumento de receita, mantivemos mais ou menos as receitas dos anos anteriores mas isso demonstra que com as mesmas receitas, conseguimos manter em funcionamento todos os serviços da câmara e responder a todas as necessidades e ainda reduzir divida, significa que tivemos que fazer muito trabalho (…)”.
Mariana Chilra afirma que foram feitos cortes em tudo, “podemos optar por comprar mais caro ou mais barato e podemos verificar como é que podemos fazer o mesmo tipo de serviço de forma mais barata (…) estas coisas não acontecem por acaso, não é por magia, acontecem porque têm que ser muito bem planificadas, tem que haver muito trabalho e tem que haver também muita criatividade”, exemplificando com os procedimentos de concursos públicos “para gasóleo, seguros”, tendo optado sempre por “aquilo que fosse mais barato (…) em todas as aquisições da câmara, conseguimos poupar dinheiro que no fundo, nestas aquisições do dia a dia e nas contratações que fizemos”. Acrescenta que é sabido que “as pessoas no Alandroal precisam de trabalhar, mas em momentos de grande dificuldade, temos que avaliar se podemos continuar a contratar e quais são os valores das contratações”. Expressa que foram reduzidas avenças, e as que têm sido feitas “têm valor correspondente a metade daquilo que era o valor normal das avenças da câmara”.
Indagada sobre a elevada taxa de desemprego no concelho, lembra que uma situação leva a outra, e “a falta de dinamização económica desta zona não depende só da câmara (…)”, salientando que a redução das avenças que o município tem vindo a fazer, vêm desde 2013, “e muitas das que reduzimos eram de pessoas que nem sequer residem no concelho, (…) é com preocupação” que vê “essas taxas de desemprego” e que “todos os dias as pessoas me vêm pedir trabalho, todos os dias as pessoas batem à porta, mas nós temos que avaliar estas situações e temos que ver, ainda que se queiram ajudar pessoas, nós não temos condições para contratar as pessoas que nos vêm pedir emprego (…)”.
Sublinha que os contratos que entretanto têm sido feitos “são por valores comportáveis com o orçamento da câmara, (…) nós não podemos dizer que a taxa de desemprego subiu neste concelho por causa desta medida”. Acresce que “no último período” foram contratadas “algumas pessoas de novo para serviços operacionais que a câmara não conseguia responder, se não renovámos alguns foi por considerarmos que não se tratavam de serviços que fossem essenciais para a câmara. Em contrapartida contratamos outras que nós consideramos que são serviços imprescindíveis para a câmara e necessários”, destacando que as avenças que existem têm valores muito inferiores aos anteriores.
A falta de investimento na região e a interioridade são fatores que na ótica da autarca levam a que os números do desemprego no concelho sejam elevados, “a câmara não pode infelizmente dar trabalho a toda a gente e nos últimos tempos temos conseguido ter algumas pessoas a querer investir no Alandroal, nomeadamente para a criação do seu próprio emprego e isto é bastante positivo e tem que ser incentivado (…)”.
“O município passou a utilizar muito mais os recursos da autarquia, os trabalhadores, a reestruturação de serviços e creio que conseguimos otimizar também aquilo que são os nossos recursos humanos (…)”.
Questionada sobre ter sido abordado em Assembleia Municipal a existência de trabalhadores a mais nos serviços administrativos e menos nos serviços exteriores, refere que “de facto na parte administrativa não há deficit (…) na parte operacional temos muita falta e daí a justificação para as ditas contratações (…)”.
No atinente ao pagamento de horas extraordinárias aos funcionários do município, nomeadamente aos motoristas do transporte de trabalhadores, Mariana Chilra refere que “ao longo de vários anos houve um despesismo muito grande com horas extraordinárias, a aquisição de serviços fora do horário normal de trabalho. Por imposição do FAM, estamos obrigados a reduzir o valor das despesas com pessoal, que comportam não só os vencimentos do pessoal, que nós não podemos nem queremos reduzir, (…) mas não conseguimos reduzir vencimentos, a redução do valor da despesas com pessoal, terá de ser obrigatoriamente feita por via da redução do trabalho extraordinário e por via também daquilo que for possível das ajudas de custo”, destacando que desde 2014 que tem vindo a aplicar essa redução, “temos vindo gradualmente a reduzir o trabalho extraordinário, estamos a pagá-lo apenas nos casos em que é imprescindível a realização de trabalho extraordinário (…)”.
Sobre o transporte dos trabalhadores, a autarca expressa saber que “é uma questão sensível e uma medida que vem sendo aplicada desde há muitos anos, não é de agora que os trabalhadores da câmara são transportados (…)”, uma situação que a Presidente da Câmara Municipal de Alandroal considera não ter um valor significativo no orçamento da autarquia, “é uma questão que tem que ser pensada porque sei que as pessoas lá fora entendem que é este executivo que tem que tomar essa decisão porque agora a situação é complicada, mas eu continuo a dizer que a situação já foi mais complicada e a divida já foi maior e nunca ninguém se lembrou disso”.
Instada sobre o valor da verba afeta a esse transporte, diz que desconhece “porque ainda não está implementada a contabilidade de custo desse processo, (…) até porque temos preocupações muito maiores com pagamentos que poderiam ter sido evitados e não foram”, exemplificando “o caso da água porque acho muito interessante quando as pessoas vêm questionar sobre algumas coisas, que se calhar até tem razão, mas são coisas mais pequenas e fazem um alarme enorme à volta das coisas pequenas e as grandes coisas como é a questão da água, que nunca ninguém coloca, quais são as consequências em termos de despesa para a câmara, da decisão de ter entregue a conceção das águas em 2013 às Aguas do Centro Alentejo, estas são as grandes questões, é com isso que as pessoas se devem preocupar e não com as mais pequeninas, (…) acho que a questão do transporte dos trabalhadores deve ser ponderada, lancei o desafio à Assembleia Municipal, e uma vez que não é uma decisão de agora, vem de há vários anos atrás, se se coloca a questão porque é que falta coragem politica para apresentar a proposta para a discutirmos, o papel da oposição e da Assembleia Municipal também é esse (…) estamos abertos a discuti-la e estamos a dar-lhe atenção (…)”.