Tal como an RC já tinha noticiado, as três grandes unidades de recepção de bagaço de azeitona, proveniente dos lagares que processam toda a azeitona produzida no Alentejo, têm a sua capacidade de armazenamento esgotada ou praticamente esgotada e não estão a aceitar mais matéria-prima.
No entando, egundo Emilio Moitas, “a empresa “Óleoalegre, Lda” localizada na herdade das Tapadas, no concelho de Monforte, a laborar as 24 horas, com o cheiro desagradável a fazer sentir-se na zona e com o significativo aumento de camiões de transporte de bagaço na estrada municipal Monforte/Arronches, que começa a apresentar sinais de não aguentar a intensa utilização de veículos pesados, com buracos e pedras soltas na faixa de rodagem.” – Confira as imagens registadas por Emílio Moitas na galeria de fotos.
Num ano em que se prevê que a produção de azeite venha a atingir valores na ordem das 180.000 toneladas, o que constitui a maior campanha desde que há registos, a FENAZEITES tomou conhecimento de que todo o setor olivícola do Alentejo está paralisado, desde a apanha de azeitona aos lagares que a transformam.
A Rádio Campanário falou com Patrícia Falcão Duarte, Secretária Geral da Fenazeites, que nos referiu que “a informação que temos, após o levantamento de dados, é que os lagares não conseguem entregar o bagaço, porque as unidades extratoras não o recebem porque dizem que já não tem capacidade de armazenagem.”
“Acontecendo isto, os lagares deixam de trabalhar, porque não podem trabalhar sem ter onde colocar o bagaço” destacando que “temos olivicultores que já não estão a apanhar a azeitona, porque não a podem levar ao lagar, que não está a funcionar,” acrescenta Patrícia Duarte.
Questionada sobre se esta situação os tinha apanhado de surpresa ou se era uma situação expectável, Patrícia Duarte referiu que “isto não aconteceu há dois anos por milagre”, numa campanha com 142 mil toneladas de azeitona no Alentejo, “na altura, alertamos o poder político desta situação, porque é necessário ou ampliar a capacidade das unidades extratoras já existentes, ou criar novas unidades”.
Como exemplo, a Secretária Geral da Fenazeites disse que “sei de duas unidades extratoras cuja licença ambiental foi rejeitada, uma na zona de Sousel e outra na zona de Serpa, e o tempo passou”.
Sobre a campanha deste ano, Patrícia refere que “este ano era expectável, toda a gente falava da campanha de todos os recordes”, acrescentando que “já se falava de 160/180, e havia quem adiantasse 200 mil toneladas” explicando que “a capacidade das três unidades extratoras é à volta das 600 mil toneladas de bagaço anuais.” Ou seja, “com este aumento de produção esperava-se 900 mil toneladas de bagaço, portanto isto não havia hipótese.”
Questionada sobre esta expectativa, foram dados alguns passos antecipadamente para que esta condição pudesse acontecer, Patrícia Duarte referiu que “as unidades extratoras tentaram desde ampliar a sua capacidade, até tentar abrir novas, mas não se conseguiu, maioritariamente por questões ambientais.”
Para além disso, “o PDR2020 esteve sem aceitar candidaturas relacionadas com o setor do azeite desde 2018,” acrescentando que só “voltou a equacionar agora só em novembro de 2021”.
Questionada sobre quais são os prejuízos que podem resultar desta interrupção de campanha para o setor olivícola no Alentejo, Patrícia referiu que “a campanha vai ter uma quebra. Toda a azeitona que acabar por não ser colhida não vai dar azeito, portanto não vai contribuir para a produção record”. Assim, “não vamos ter a produção que poderíamos ter se não existisse este problema. Mas quero acreditar que, mesmo com isto, que se consiga chegar às 150 mil toneladas.”
Sobre medidas que a federação pretende desenvolver para tentar minimizar esta situação, Patrícia Duarte refere que “neste momento nós estamos numa fase complicada, porque o governo caiu e, por isso, temos que esperar, nesta altura não faz muito sentido ir pedir uma audiência à atual ministra.”
Apos as eleições, “queremos tentar ser os primeiros a ser recebidos pelo futuro ministro/a para o sensibilizar para este problema e, quiçá, pedir uma audiência junto do ministro do ambiente para tentar arranjar soluções, porque as pessoas não podem continuar a plantar e depois não haver escoamento para o produto.”
Sobre os prejuízos que este problema trouxe para os produtores, Patrícia Duarte sublinhou que “na semana passada falei com um olivicultor que me disse que já não conseguia apanhar porque já não tinha quem recebesse a azeitona, isto é um prejuízo grande. “