A cátedra em sustentabilidade demográfica e saúde, lançada hoje na Universidade de Évora (UÉ), vai procurar “uma vacina” para a “pandemia” do envelhecimento populacional, que é “mais preocupante” que a da covid-19, afirmou hoje o coordenador.
O envelhecimento da população “é mais preocupante, se não arranjarmos soluções”, pois, “para a covid-19, já temos vacina” e para este problema “não temos e ainda temos que a arranjar”, sustentou o também médico e investigador Lino Patrício.
O médico e investigador defendeu que deve existir “uma cultura de não afastar, no caso da medicina, uma pessoa de um tratamento só por ser idoso”, considerando que, “se o tratamento é útil, essa pessoa tem direito” a ele.
“Se um idoso, biologicamente, não tiver condições, o tratamento torna-se fútil e não vai servir para nada, mas, se for assim, essa fronteira tem que ser definida através da investigação”, sublinhou.
Esta cátedra, vincou, vai contar com a colaboração de profissionais de várias áreas que, “provavelmente, nunca estiveram em contacto”, com o objetivo de “contribuir para uma reflexão” sobre o assunto.
“Um médico e um pianista, uma economista e um demógrafo ou um pintor e um advogado”, exemplificou, advertindo que “o mundo é tão complexo que, se não forem várias pessoas com visões” diferentes, “provavelmente, vai escapar qualquer coisa”.
Também em declarações aos jornalistas, a reitora da Universidade de Évora, Ana Costa Freitas, afirmou que a criação desta cátedra pretende “alavancar o desafio” da academia alentejana de “reforçar a área da saúde”.
Por outro lado, referiu, a linha de investigação do envelhecimento e da demografia “é muito importante” para a região do Alentejo, cuja população é “a mais idosa e mais solitária” do país.
Denominada LifeSpan, a cátedra em sustentabilidade demográfica e saúde foi criada pela UÉ em parceria com o Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) e a empresa alemã líder em tecnologia médica Siemens Healthineers.
Segundo a academia alentejana, esta iniciativa “visa contribuir para o avanço do conhecimento científico, da inovação e da formação multidisciplinar associadas às áreas do envelhecimento e expansão de vida”.
“A reflexão sobre novos conceitos de saúde, socioeconómicos e até artísticos para o século XXI, em que a população idosa será prevalente nas sociedades do futuro, constitui-se como objetivo para os investigadores” desta estrutura de investigação e de formação, indicou a UÉ.
A iniciativa é dirigida, sobretudo, a investigadores, estudantes, membros do corpo docente universitário, consultores, profissionais da área da saúde e comunidade em geral, contando com um painel de ‘experts’ nacionais e internacionais.
Ao longo deste programa, os participantes vão poder trabalhar “nos desafios mais significativos dos sistemas de saúde e da região” alentejana, “a mais envelhecida de Portugal, com 25,6% da população a ter mais de 65 anos”.
C/Lusa