No decorrer do projeto “Remodelação do sistema de drenagem de águas residuais – Alter”, que ao abrigo da legislação em vigor do Regulamento de Trabalho Arqueológicos conta com o acompanhamento do arqueólogo municipal Jorge António, foram descobertas na Avenida Dr. João Pestana 13 sepulturas de uma necrópole até ao momento desconhecida.
O projecto de “Remodelação do sistema de drenagem de águas residuais – Alter”, no intuito de “Proteger o ambiente e promover a eficiência dos recursos”, é financiado pelo POSEUR do fundo de coesão da União Europeia, tem como entidade promotora as Águas do Alto Alentejo, E.I.M., S.A. e conta com a colaboração da Câmara Municipal de Alter do Chão.
No âmbito deste acompanhamento, na Avenida Dr. João Pestana, mais precisamente no troço compreendido entre a Rua dos Combatentes do Ultramar e a Rua de Santo António, foram descobertas 13 sepulturas de uma necrópole, até ao momento desconhecida. A presença de restos humanos, ao abrigo do Regulamento de Trabalhos Arqueológicos e da Circular n.º 1/2014, exigem a presença em campo de um especialista em antropologia física. Neste sentido, as Águas do Alto Alentejo contrataram a antropóloga Liliana Carvalho para proceder à escavação, exumação e estudo dos restos humanos. Das 13 sepulturas identificadas, apenas 6 vão ser parcialmente intervencionadas, uma vez que não se conservaram na totalidade, com data prevista para conclusão dos trabalhos sexta-feira, dia 11 de Fevereiro. Na sepultura até ao momento escavada foi exumada uma mulher, com idade à morte entre os 18 e os 20 anos de idade. Todo o material osteológico humano recolhido na intervenção será depositado no Laboratório de Antropologia da Câmara Municipal de Alter do Chão, localizado no edifício do Cineteatro Municipal.
A possibilidade das sepulturas em causa pertencerem à necrópole romana de Abelterium torna particularmente relevante os trabalhos arqueológicos e antropológicos em curso, pois, a confirmar-se, será a maior descoberta arqueológica feita no concelho desde o descobrimento do mosaico de Alexandre, o Grande na sala de jantar da Casa da Medusa, em 2007. Esta descoberta, de impacto nacional, uma vez que o local de sepultamento da população romana não era conhecida, dará um enorme contributo para o conhecimento dos habitantes de Abelterium.
Considerando a necessidade premente de realização das obras e a importância dos vestígios arqueológicos/antropológicos encontrados, apela-se à maior compreensão da população na realização dos trabalhos.
No que concerne em particular à necrópole, a antropóloga e o arqueólogo municipal darão explicações detalhadas das descobertas efectuadas aos interessados que se deslocarem ao local.