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Apesar do abate de sobreiros, autarca de Gavião defende a construção da central fotovoltaica

O presidente da Câmara de Gavião (Portalegre), José Pio, defendeu hoje que o concelho “não se pode dar ao luxo” de afastar investimentos, como o do projeto da central fotovoltaica que implica abater 1.079 sobreiros.

“Um concelho como Gavião não se pode dar ao luxo de afastar seja que investimento for, muito menos um investimento na ordem dos 100 milhões de euros”, disse à agência Lusa o autarca.

José Pio reconheceu que investimentos como o da Central Solar Fotovoltaica de Margalha não criam muitos postos de trabalho, na fase de exploração.

Mas, ressalvou, durante o período de construção da central, os operários poderão ser uma “mais-valia” para a dinamização do comércio daquele concelho do Alto Alentejo, no interior do país.

“Eu sei muito bem que não cria muitos postos de trabalho. Agora, terá um período de construção de cerca de dois anos” no âmbito do qual “permanecerão na zona da central 200 trabalhadores”, disse.

E isso “é tudo uma mais-valia que o concelho poderá aproveitar de forma muito objetiva naquilo que é a dinamização do comércio e até da indústria”, frisou.

Em relação ao abate de 1.079 sobreiros e de quatro azinheiras, necessário para o desenvolvimento da Central Solar Fotovoltaica da Margalha e já autorizado pelo Governo, o presidente da Câmara de Gavião desdramatizou a situação.

“São sobreiros que estão dispersos, não têm propriamente uma ligação entre eles no montado. E muitos deles são sobreiros cuja cortiça nem sequer é aproveitada, é de muito pouca qualidade”, afiançou.

Ao acolher um projeto desta natureza, o autarca disse também querer que “as pessoas percebam” que o concelho de Gavião “está disponível para aceitar investimentos produtivos”, como e o caso dos ligados a energias renováveis, que “são o futuro do país”.

Num despacho publicado em Diário da República (DR), no passado dia 15, assinado pelo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, o projeto, a ser desenvolvido no concelho de Gavião pela empresa Amarguilha Unipessoal Lda., é declarado como tendo “imprescindível utilidade pública”.

No despacho é explicado que, além do arranque de 1.079 sobreiros, foi também solicitado o abate de quatro azinheiras para permitir a instalação da central solar fotovoltaica, numa área de cerca de 15 hectares, envolvendo um investimento de “aproximadamente 95 milhões de euros”.

O Governo considerou de “relevante interesse público, económico e social” o projeto, bem como a sua “sustentabilidade”, uma vez que se destina à produção de energia elétrica a partir de recursos renováveis, contribuindo para o cumprimento das metas nacionais e da União Europeia nos domínios das energias provenientes de fontes renováveis e da redução de emissões de gases com efeito de estufa.

Segundo o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do projeto, que esteve em consulta pública até 25 de outubro do ano passado, a central é promovida pela Amarguilha Unipessoal Lda., uma sociedade comercial detida a 100% pela empresa Akuo Renováveis Portugal, filial do grupo Akuo Energy SAS.

A infraestrutura, que vai ser acompanhada por uma Linha Elétrica de Muito Alta Tensão (400 quilovolts), vai ter uma potência instalada de 144 megawatts-pico (MWp) e uma potência de ligação à rede de 120 megavolts-ampere (MVA), de acordo com o EIA, consultado hoje pela Lusa.

No EIA, está indicado que o investimento vai localizar-se em parcelas de terreno descontínuas, com uma área total de cerca de 329 hectares, na freguesia de Margem e na União de Freguesias de Gavião e Atalaia.

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