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Domingo, Novembro 24, 2024

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“Nesta altura, devido á seca, já temos videiras a fruto o que não era suposto estar a acontecer” diz Presidente da CVRA, Francisco Mateus(c/som)

Mais de 90% do território português está em situação de seca severa ou extrema.

A falta de chuva está a deixar sérias preocupações em diversos setores económico e o setor dos vinhos não é excepção.

A Rádio Campanário falou com Francisco Mateus, Presidente da Comissão Vitivinícola da Região Alentejana sobre de que forma a falta de chuva pode afetar o setor do vinho assim como os seus produtores.

Francisco Mateus começou por referir à RC “olhando para o panorama, tendo em conta os dados que temos, o panorama é que até fevereiro temos tido menos chuva do que aquela que é suposto assim como temperaturas mais elevadas.”

Segundo o Presidente da CVRA, “nesta altura do ano era suposto a vinha estar em dormência, basicamente a acumular reservas para as fases seguintes do processo vegetativo mas o que nós verificamos, já em alguns sítios já há vinhas a rebentar, ou seja há vinhas onde as folhas já estão a sair, quando não era suposto que tal estivesse a acontecer.”

Para Francisco Mateus são “as condições climatéricas que estão a interferir com o ciclo vegetativo da videira e, portanto, está já a haver uma alteração na fisiologia daquela planta e que para a frente dará fruto”. Ainda assim acrescenta “para dar fruto precisa de ter as reservas e precisa de água e a verdade é que nós não temos tido muita água no solo” sublinhando “se não houver chuvas em março e em abril, vamos ter as plantas com muita dificuldade em conseguir produzir fruto com a quantidade que era esperada.”

Este facto, acrescenta “para os produtores de uva, os viticultores, é uma situação altamente preocupante porque estamos a falar do trabalho de um ano que pode ficar comprometido com as condições climatéricas que nos são adversas.”

Contudo, acrescenta “não podemos comandá-las, mas sabemos que neste momento elas não estão dentro daquilo que nós esperávamos que fossem” descrevendo a situação como um “fenómeno que associo às alterações climáticas que o mundo inteiro tem vindo a assistir e onde o Alentejo é uma das zonas mais penalizadas tendo em conta a sua localização geográfica.”

Perante o cenário em que o país se encontra, Francisco Mateus refere “vejo com preocupação o cenário que temos hoje e a expetativa de que março e abril venham a ter níveis de pluviosidade que, pelo menos permitam ter mais humidade no solo, permitir às plantas criar as reservas necessárias e depois ter uma floração e uma criação de fruto que permita chegar a agosto e termos uma vindima com uma quantidade que seja suficiente para compensar todo o investimento que os viticultores estão a fazer nas vinhas.”

Questionado se considera importante que o Governo divulgue o quanto antes as medidas de apoio aos diversos setores da economia portuguesa onde, entre outros se inclui o sector dos produtores de vinho,  Francisco  Mateus refere que “neste momento as principais preocupações do governo têm a ver com a produção pecuária porque os animais têm que comer e têm que beber água e neste momento os produtores pecuários estão já com dificuldades pois tem que estar a substituir o que seria uma alimentação natural por uma alimentação de compra.”

Relativamente à parte da vinha propriamente dita, adianta “desconheço que haja para já algumas medidas pois as medias que o governo está a pensar são medidas no sentido aqueles que neste momento estão a fazer um esforço financeiro maior.”

“Neste problema na vinha, e a nossa principal preocupação é com a inexistência de água  e portanto aí o governo também não pode fazer nada porque não pode mandar chover” acrescenta este responsável.

Ainda assim, a serem necessários estes apoios para o setor do vinho, Francisco Mateus considera “a serem necessários este apoios, sim eles devem ser pensados” sublinhando ainda “que os apoios que a viticultura, ou seja, a produção de uva possa ter para minimizar o impato de rendimento que esta situação possa trazer são positivos dando como exemplo o caso de um viticultor  que tenha um hectare de vinha e espera ter dessa vinha um determinado rendimento,  e que pelas condições climatéricas existentes não lhe permitirem tirar esse rendimento, fará sentido que nessa diferença de rendimento ele possa ter aqui algum apoio.”

“Quando existem quebras de produção, por razões climáticas, apesar de ser uma situação que toda a agricultura sabe que tem que viver com ela, há momentos em que estas coisas são de tal forma dramáticas que comprometem o rendimento de quem vive daquilo que a terra dá” acrescenta ainda o Presidente da CVRA.

No que diz respeito ao vinho propriamente dito, Francisco Mateus sublinha “se não houver uvas obviamente haverá menos produção de vinho,e depois as consequências são outras  mas é óbvio que , naquilo que for possível que o governo, em conjunto com a União Europeia, consiga  encontrar formas de apoiar esta componente da viticultura, essas medidas de apoio são sempre bem-vindas.”

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