Tal como a Rádio campanário noticiou ontem, dois homens, de 76 e 51 anos, residentes no concelho de Campo Maior (Portalegre), foram detidos pela Polícia Judiciária por suspeitas de maus-tratos contra a mulher e mãe, respetivamente, que resultaram na sua morte.
Os dois homens, sem antecedentes criminais, foram presentes a primeiro interrogatório judicial, tendo o mais novo sido sujeito a internamento compulsivo por sofrer de esquizofrenia e o outro, o marido ficado com a obrigação de apresentações periódicas em posto policial, mas também obrigado a fazer uma perícia psiquiátrica.
O Marido da vítima, Manuel Cacheiro, um dos suspeitos, deu ontem uma entrevista ao programa Casa Feliz referindo que quem a sua esposa “era tratada por mim, pelos enfermeiros do centro de saúde e por uma senhora contratada que vinha cá a casa.”
Acrescenta inclusive que era ele que lhe dava comida “através de uma sonda”. Diz-se “surpreendido” pelas marcas, mais vulgarmente designadas por escaras ou feridas, relatadas pelo Hospital de Elvas onde a esposa acabou por falecer e contando que a pessoa que o ajudava a tratar da mulher era “uma pessoa com experiência pois já tinha tratado de outros idosos.”
Segundo referiu na mesma entrevista “não esperava ser acusado” e garante “nunca ter dispensado o apoio ao tratamento da esposa a nenhum serviço.”
De acordo com a mesma fonte- Casa Feliz-SIC- a Unidade de saúde familiar da Raia Maior deu conta, através de informação remetida à SIC, que informou as autoridades judiciais dos procedimentos que teve, nomeadamente do referenciamento para a rede de cuidados integrados e que o mesmo terá sido rejeitado pela própria vítima ou por familiares.
Recorde-se que, em comunicado, a PJ indicou que os suspeitos foram detidos por elementos da Unidade Local de Investigação Criminal (ULIC) de Évora, na sequência de mandados de busca domiciliária e de detenção, emitidos pela autoridade judiciária. “Os detidos, o marido e o filho da vítima, de 73 anos, intencionalmente privaram-na dos cuidados e assistência de que necessitava, impedindo ajuda externa especializada”, adiantou a Polícia Judiciária. Segundo a PJ, da conduta dos dois homens, pai e filho, “resultaram diversas e extensas lesões corporais” na vítima, as quais “concorreram diretamente para a sua morte, ocorrida no passado dia 01 de fevereiro”. Contactadas pela agência Lusa, fontes policiais e judiciais realçaram que a mulher “estava acamada e precisava de cuidados especializados”, Os detidos “prescindiram” de lhe prestar apoio, o que levou à “agudização das lesões”, argumentaram. “Deixaram degradar o seu estado de saúde ao ponto de ela morrer”, assinalaram as mesmas fontes, referindo que a vítima não resistiu a uma septicemia (infeção generalizada na corrente sanguínea.
Fonte: Casa Feliz/Sic