O presidente da Câmara de Moura, Álvaro Azedo, enalteceu hoje a “figura ímpar” de Eunice Muñoz e o seu percurso no mundo do espetáculo, sublinhando que a atriz “não esqueceu a sua terra”.
“Será sempre recordada como uma pessoa especial, que não esqueceu a sua terra, Amareleja, e que levou o mundo do teatro e da televisão a todos. É uma figura ímpar que estará no coração das pessoas”, afirmou à agência Lusa o autarca alentejano.
Eunice Muñoz morreu hoje, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, aos 93 anos, disse à agência Lusa o filho da atriz.
Nascida na Amareleja, no concelho de Moura, distrito de Beja, em 1928, Eunice Muñoz completou em novembro 80 anos de carreira.
Considerando que Eunice Muñoz tem “uma história de vida fantástica”, o presidente do município de Moura realçou que foi “uma atriz que a todos apaixonou” pela sua carreira nas artes e também pela forma de estar na vida.
“As palavras serão sempre curtas para descrever uma figura com esta imensa qualidade humana e, acima de tudo, pela sua presença no mundo do espetáculo. É uma figura que nos deixa muita saudade”, salientou.
Álvaro Azedo recordou a homenagem que lhe foi feita “ainda em vida” em Amareleja, em outubro do ano passado, com a abertura da Casa da Memória de Eunice Muñoz na vila que a viu nascer há 93 anos.
“Foi muito importante aquele gesto do povo de Amareleja para com Eunice Muñoz, um povo que tem uma grande paixão pela senhora, assim como o concelho de Moura e o país no seu todo”, acrescentou.
A Casa da Memória de Eunice Muñoz, que se situa no centro da localidade de Amareleja, no concelho de Moura, foi um projeto da junta de freguesia apoiado de várias entidades.
Habitualmente, o espaço recebe exposições relacionadas com a vida e a obra de Eunice Muñoz e apresenta objetos, fotos e material em formato áudio e vídeo da carreira da atriz.
Também em declarações à Lusa, o atual presidente da Junta de Freguesia de Amareleja, Alfredo Guerra, expressou “grande pesar e enorme tristeza” pelo falecimento de Eunice Muñoz, que apelidou de “maior embaixadora” da vila.
“Muito embora desapareça fisicamente, jamais desaparecerá da nossa memória pela pessoa que era, pela grande atriz que foi e pelo enorme legado que nos deixa”, assinalou.
Filha e neta de atores de teatro e de artistas de circo, ao longo da carreira Eunice Muñoz entrou em perto de duas centenas de peças, trabalhou com cerca de uma centena de companhias, segundo a base de dados do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e, no cinema e na televisão, o seu nome está associado a mais de oito dezenas de produções de ficção, entre filmes, telenovelas e programas de comédia.
Em abril do ano passado, Eunice Muñoz foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, cerca de três anos depois de ter recebido a Grã-Cruz da Ordem de Mérito.
Ao longo de 2021, contracenou com a neta Lídia Muñoz, na peça “A margem do tempo”, em diferentes palcos do país, numa digressão que culminou no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, em 28 de novembro, exatamente 80 anos após a sua estreia.
C/Lusa