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Segunda-feira, Novembro 25, 2024

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Apesar de vozes dissonantes, Landau do Regicídio chega a Vila Viçosa na próxima quinta-feira (c/som)

Vai chegar a Vila Viçosa, no próximo dia 21 de julho, o Landau do Regicídio, o veículo onde seguia a família real, a 1 de fevereiro de 1908, e no qual morreram o rei D. Carlos I e o príncipe herdeiro, D. Luís Filipe.

O veículo vai deixar o Museu dos Coches em Lisboa, e permanecerá em Vila Viçosa, no próximo ano.

A mudança resulta de um protocolo celebrado, em abril do ano passado, entre a Fundação Casa de Bragança e a Secretaria de Estado da Cultura que prevê, que o landau ande em itinerância anual entre o Museu Nacional dos Coches, em Belém, e o Palácio de Vila Viçosa.

No entanto, a deslocação tem suscitado algumas críticas, sendo alegado que a itinerância “coloca em causa o próprio bem”.

Em declarações à Rádio Campanário a diretora do Museu Biblioteca da Fundação da Casa de Bragança, Maria de Jesus Monge, refere que era suposto que a viatura chegasse esta terça-feira, mas devido a uma avaria, e visto que nem todos os veículos de transporte reúnem as condições no que diz respeito a “temperatura e humidade”, o mesmo só chegará na próxima quinta-feira”.

Instada sobre a vinda do landau para Vila Viçosa derivado de um protocolo entre a Fundação da Casa de Bragança e a Secretaria de Estado da Cultura, estar a levantar algumas vozes dissonantes, Maria de Jesus Monge refere que “com bastante surpresa, essa questão surgiu sem eu ter conhecimento prévio, evidentemente que, para mim, surge com bastante estranheza, o carro esteve cá, como todos sabem, durante 30 anos, saiu em 2008 e tem estado desde então em Lisboa, esta vinda para cá resulta de um protocolo que foi assinado no ano passado em abril (…) nesse protocolo e pela primeira vez, a Fundação assume a gestão direta da coleção, ou seja até abril do ano passado a coleção estava debaixo da gestão direta do Museu Nacional dos Coches, portanto, todo este episódio nos causa alguma estranheza”.

Sobre não estarem reunidas as condições em Vila Viçosa para a permanência do Landau do Regicídio, no que concerne ao grau de temperatura e humidade, a conservadora diz que “nós temos em Vila Viçosa um edifício histórico, e os edifícios históricos, por definição, não têm controlo ambiental, nós não conseguimos aqui garantir uma temperatura estável ao longo de todo o ano, assim como também não conseguimos garantir uma humidade estável ao longo do ano. Convém que se diga que aquilo que faz mais mal às peças, com alguma idade, que é o caso, são as oscilações e aquilo que pior pode acontecer a uma viatura destas é mudar bruscamente de ambiente. Este carro esteve 30 anos aqui, sem nenhum problema aparente. Dizem-me que em Lisboa este e outros que terão ido de cá, tiveram problemas, e eu acredito, porque eles foram bruscamente mudados do seu local habitual (…)”, no entanto a conservadora diz que caso o veículo estranhe novamente a mudança, existe “uma equipa técnica em permanência para ir monitorizando e percebendo se ele precisa de algum tipo de tratamento especial”.

“Sobre o facto de ser um valor acrescido a todo o espólio visitável, expressa que “a maior parte dos visitantes portugueses (…) terminam a visita ao Paço em que a presença do rei D. Carlos sai daqui, é assassinado em Lisboa, é normal que quem nos visita e que fica imbuído de todos estes acontecimentos, queira ver o carro. Por outro lado, um dos argumentos que utilizam, as pessoas que acham que ele deveria estar em Lisboa, dizem, que o regicídio foi em Lisboa”, lembrando que apesar disso, “ninguém vai visitar o Museu dos Coches em Lisboa, que tem dezenas de carros barrocos, absolutamente únicos a nível mundial, para ver o carro do regicídio. Também verão o carro do regicídio, mas a principal razão para visitar o Museu Nacional dos Coches é por exemplo a exposição que lá está neste momento da Embaixada ao Papa, e por isso eu acrescento, a Embaixada ao Papa foi em Roma!”.

Instada se o Landau do regicídio não estaria melhor, definitivamente, em Vila Viçosa, Maria de Jesus Monge reconhece que ”pode ser importante negociarmos, não uma circulação anual, mas arranjar outra formula um pouco mais suave de circulação, mas não foi nem uma nem duas vezes que carros daqui saíram para ir para exposições temporárias”, indagando, “se um carro pode ir para exposições temporárias, porque é que não pode vir durante um ano para um sítio onde já esteve durante trinta”.

Questionada sobre quantos carros estão neste momento em Vila Viçosa, a diretora do Museu Biblioteca da Fundação da Casa de Bragança admite que são mais de setenta, entre os que estão em conservação, “reforçamos a coleção, saíram cerca de vinte carros e resolvemos reorganizar o espaço e neste momento para além da cocheira real onde continuamos a ter os carros de aparato mais importantes, temos depois na cavalariça real, os carros ligados á casa real e essencialmente de aparato para onde irá o Landau do Regicídio, e depois na grande cavalariça dupla, concentramos os carros que eram utilizados, não propriamente pela família real, mas pelos servidores da casa, num primeiro espaço em meio urbano (…) e num segundo espaço, em meio rural, apesar de nãos erem viaturas rurais”.

Maria de Jesus Monge acrescenta que “é uma coleção que permite conhecer, apesar dos carros que saíram, muito bem a evolução dos carros de tração animal ao longo dos últimos 300 ou 400 anos”, destacando que “a coleção que está em Vila Viçosa, foi reforçada, estamos a tentar melhorá-la com a introdução de alguns pequenos apontamentos multimédia, não muitos, porque não queremos desvirtuar o espaço, mas queremos não passar ao lado das vantagens das novas tecnologias e também estamos a apostar nessa área”.

 

 

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