Trata-se do Festival Terra Mágica – AlMutamid, numa referência ao rei-poeta, considerado o primeiro alentejano, cuja primeira edição vai realizar-se naquela cidade, entre os dias 02 e 04 de junho, numa organização da empresa ALD Produções, do Zález Artist Collect, da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo e da Câmara de Beja.
O rei-poeta Al-Mu’tamid, considerado um dos grandes poetas árabes, é a inspiração de um novo festival intercultural, que vai decorrer em Beja, no Alentejo, em junho, e cruzar fado, flamenco, cante alentejano e gnaoua.
Segundo a organização, em comunicado enviado à agência Lusa, o festival, “inspirado na figura de Al-Mutamid”, visa “aprofundar e transformar” os patrimónios fado, flamenco, cante alentejano e gnaoua (um dos principais géneros do folclore de Marrocos), “numa viagem mágica” entre sítios que marcaram a vida e a obra do rei-poeta.
Será uma viagem entre Beja, no Alentejo, onde Al-Mu’tamid nasceu em 1040, Silves, no Algarve, que governou e onde se afirmou como “o grande expoente da poesia da sua época”, Sevilha, em Espanha, onde foi o último rei da Taifa Abádida do Al-Andalus (nome dado à Península Ibérica pelos conquistadores islâmicos do século VIII), e Aghmat, em Marrocos, onde “desenvolveu boa parte da sua criação poética” e morreu no cativeiro, em 1095.
De acordo com o diretor artístico do festival, Francisco Carvajal, citado no comunicado, a organização quer “mostrar ao mundo” o que for produzido em Beja, “num projeto inovador, que irá viajar pelos caminhos de Al-Mutamid”.
O festival quer “reinventar” aqueles “patrimónios ibéricos maravilhosos” e misturá-los com os “árabes, que eram alentejanos e andaluzes”, referiu Francisco Carvajal.
Já o presidente da Turismo do Alentejo e Ribatejo, Vítor Silva, também citado no comunicado, disse que o festival será um “evento de grande qualidade artística” com uma “mensagem de multiculturalidade, de estabelecer pontes entre religiões e culturas diferentes”.
“Teremos em Beja muito mais do que um festival, teremos uma abertura para uma nova maneira de nos relacionarmos, especialmente nesta altura em que parece tão difícil as pessoas entenderem-se”, frisou Vítor Silva.
Reconhecendo que pode ser polémica a denominação de Al-Mu’tamid como “o primeiro alentejano”, que nasceu em Beja numa altura em que não havia delimitação geográfica da região Alentejo, Vítor Silva argumentou: “Pela maneira como ele pensava, como agia e como estava na vida, de certeza que foi o primeiro alentejano”.
Do programa do festival, destaca-se, no dia 01 de junho, no Teatro Municipal, Pax Julia, a partir das 21:00, a estreia mundial do espetáculo “Tanta Monta, Monta Tanto”, que juntará o fadista Ricardo Ribeiro e o cantor de flamenco romani espanhol Duquende.
A performance “Telluric Beja”, que juntará o dj HD Substance, a bailarina Catalina Lucrecia e o percussionista Carlos Mil-Homens, um espetáculo de baile flamenco contemporâneo de Macarena López e um concerto do marroquino Maâlem Omar Hayat são outras das propostas do festival.
C/ Lusa