Três entidades assinaram um protocolo para estudar e valorizar o acervo das escavações realizadas no sítio arqueológico de Pisões, no concelho de Beja, considerada “uma das mais originais ‘villae’ romanas da Península Ibérica”.
O protocolo, assinado na quarta-feira, junta a União de Freguesias de Santiago Maior e São João Batista, o Museu Regional de Beja e a Universidade de Évora (UÉ), através do seu Laboratório HERCULES, que é a entidade gestora do sítio arqueológico.
Em declarações à agência Lusa, o professor António Candeias, da UÉ, explicou hoje que o acordo prevê a cedência, por parte da união de freguesias, de um espaço na aldeia de Penedo Gordo, onde será colocado o acervo proveniente de Pisões e que está depositado no museu regional.
“O grande objetivo” do protocolo é o de “criar as condições para que agora seja possível desenvolver todo um estudo em torno do espólio das escavações”, disse.
O também investigador acrescentou que esse estudo vai “permitir a classificação das peças” e “depois, obviamente, uma leitura sobre esse espólio e a sua valorização através do conhecimento”.
“É importante perceber o que existe do ponto de vista de registos do espólio das diferentes escavações e, com base nessa informação inicial, há um longo trabalho a fazer” para “conhecer os vários tipos de materiais” existentes, reforçou.
António Candeias frisou ainda que todo este trabalho permitirá “criar um diálogo” entre Pisões, a cidade de Beja e o museu regional, “valorizando todo o território”.
Ocupada no período romano entre os séculos I a.C. e IV d.C., Pisões foi descoberta em 1967 e é considerada um “importante testemunho” da presença romana no concelho de Beja, sendo “uma das mais originais ‘villae’ romanas da Península Ibérica”.
Para o presidente da União de Freguesias de Santiago Maior e São João Batista, Miguel Ramalho (CDU), o protocolo agora firmado vai ser “muito importante para a valorização do património do sítio arqueológico de Pisões” e da própria aldeia de Penedo Gordo.
O autarca alentejano disse ainda que o acordo, sem “prazo definido” e com possibilidade de “ser renovado automaticamente”, pode também vir a “sensibilizar a comunidade para as questões do património”.
Por sua vez, a diretora do Museu Regional de Beja, Deolinda Tavares, lembrou que este “é detentor de uma quantidade muito considerável de um espólio fantástico proveniente de Pisões”, tendo “todo o interesse e obrigação de se relacionar com as comunidades” e de “procurar contribuir” para a sua “autoestima”.
“Da nossa parte, isso faz-se tomando conhecimento do património e percebendo o valor e a importância que ele tem” como “identidade própria das comunidades”, concluiu.
C/Lusa