O secretário-geral do PCP apontou hoje “o caos” nas urgências obstétricas como prova de que o partido “tinha razão” em votar contra o Orçamento do Estado e acusou o PS de se limitar a tomar “medidas temporárias”.
“Perante o caos a que assistimos nas urgências obstétricas e as dificuldades em assegurar o atendimento médico urgente em várias especialidades, devido à falta de profissionais, e os atrasos” nas consultas, “bem se pode dizer que o PCP tinha razão para votar contra o Orçamento”, disse o líder comunista, Jerónimo de Sousa.
Na sua intervenção de encerramento da 10.ª Assembleia da Organização Regional de Beja do Partido Comunista Português (PCP), que decorreu na cidade alentejana, Jerónimo de Sousa abordou o fecho temporário, nos últimos dias, de urgências de Obstetrícia pelo país.
Tanto no anterior Governo, como no atual, “medidas consideradas indispensáveis” para a defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS), “para dar solução aos problemas que agora aparecem à luz do dia”, constavam do “núcleo duro” das propostas dos comunistas para aprovarem o Orçamento do Estado (OE).
Mas essas medidas, lembrou, “foram recusadas”, porque “o PS não quis defender o SNS do brutal ataque a que está sujeito pelos grupos económicos dos negociantes da doença”, acusou.
Agora, “a situação agravou-se”, alertou Jerónimo de Sousa, afiançando que os comunistas estão “profundamente preocupados”.
“A situação do SNS é pior do que há seis meses”, disse, vincando que “faltam médicos e enfermeiros de família, aumentam as queixas de atrasos e falta de respostas em consultas, tratamentos e cirurgias”.
Da parte do PS, contudo, “continuam os remendos dos planos de contingência em vez de soluções de fundo, como os salários, as carreiras, as condições de trabalho para fixar os médicos de várias especialidades no SNS”, criticou.
“Neste, com noutros domínios, o Governo PS limita-se a apontar medidas temporárias para atenuar alguns dos problemas que o povo e o país enfrentam” e os socialistas “fazem depender da União Europeia decisões que podem tomar”, segundo o líder comunista.
No anterior executivo de maioria socialista, “a resposta que o país e o SNS precisavam nunca chegou”, mas, “e agora?”, questionou.
“O PS tem uma maioria absoluta, tem nas mãos muito do futuro em termos governativos, legislativos. Então, precisava de uma maioria reforçada para quê? Porque continua o Governo a recusar a autonomia de contratação pelas unidades de saúde e o reforço de profissionais do SNS?”, perguntou Jerónimo de Sousa, defendendo que “é preciso salvar o SNS” e o PCP não vai “desistir desse combate”.
C/Lusa