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 “Acreditei que podia fazer um bom trabalho e trazer algo de bom para esta instituição que é o Tomaz Alcaide”, diz a Maestrina Margarida Gomes (c/som)

Margariga Gomes. Nasceu e cresceu em Borba, Alentejo. Enveredou pela Música e pelo Canto e a sua formação foi, desde logo, internacional, pois teve o seu início em Espanha, dada a proximidade da cidade de Borba com o país vizinho, nomeadamente com a cidade de Badajoz.

Margarida encanta-nos com a sua magnífica voz soprano, ouvida e apreciada em Portugal e além-fronteiras. Mas não é só como dona de uma extraordinária voz que Margarida é conhecida. Agora, a cantora Margarida é também a Maestrina do conceituado Coro Orfeão Tomaz Alcaide, um dos incontornáveis ex-libris da cidade de Estremoz. Uma verdadeira instituição, sem dúvida, dado o seu impacto e qualidade.

A Rádio Campanário foi ao encontro de Margarida Gomes  e com ela conversou para entender melhor e poder levar até si um pouco mais do que é o seu trabalho, especialmente como Maestrina do Orfeão Tomaz Alcaide.

Quisemos começar por saber como é para uma jovem, como a Margarida, estar à frente de um Orfeão como é o Tomaz Alcaide e que responsabilidade representa na sua vida essa função.

A resposta é categórica “é uma responsabilidade brutal, é uma instituição com imensa história, com prestígio reconhecido, e que ao longo dos anos conseguiu criar para si um lugar importante para a cultura portuguesa, mas também para a cidade de Estremoz; uma responsabilidade  enorme, tendo em conta também o patrono do Orfeão, Tomaz Alcaide, voz incontornável da cultura portuguesa”.

Questionámos também a Margarida sobre a diferença entre ser cantora e maestrina. Além de se saber cantar, certamente ter-se-á que perceber muito de música.

É algo natural, que faz parte do próprio percurso, assim esclarece a Maestrina deste afamado Coro, percurso feito ao longo da carreira no Conservatório, ao longo do qual “vamos aprendendo capacidades diferentes”, explica Margarida, fazendo a analogia, para melhor entendermos, que é como se se tivessem várias camisas e temos que escolher, para cada ocasião, aquela que é a mais apropriada.

“A vantagem da experiência que tenho é que, como a minha especialidade é a produção e técnica vocal, e também sou cantora, posso ajudar o coro, que é um grupo de cantores, a melhorar cada vez mais, posso ajudar a criar um som com cada vez mais qualidade, como cantora sei todos os desafios, sei as dificuldades, do ponto de vista da pronunciação, por exemplo, dos diversos idiomas”. Margarida acrescenta que “temos um grupo com a coragem de enfrentar qualquer idioma que lhes apareça pela frente, pois levamos isto muito a sério e tenho as ferramentas que os podem ajudar a ultrapassar as dificuldades.”

A formação da Maestrina do Orfeão Tomaz Alcaide é toda além fronteiras, pois, como a própria nos diz, a sua formação foi internacional logo de princípio, com início em Badajoz e terminou em Inglaterra, para onde houve uma razão bem forte a encaminhar Margarida: a forma muito diferente de trabalhar nesse país, onde a atividade e prática coral são imensas, áreas que, por Portugal,  ficam muito esquecidas. “Ficando por aqui era fazer um pouco mais do mesmo e era um desafio maior ir para onde se fazem coisas muito diferentes do que se fazem no continente” (como dizem os ingleses).

 

Como se terá sentido a Margarida quando recebeu o convite, de tão grande responsabilidade, para dirigir este Coro centenário?

“Tive que pensar, é uma responsabilidade muito grande, mas acreditei que podia fazer um bom trabalho e trazer algo de bom para esta instituição que é o Tomaz Alcaide, aqui o importante não sou eu, mas o que eu conseguir fazer por este coro e que o Tomaz Alcaide um dia, quando eu sair, esteja muito melhor do que quando eu o encontrei; é o objetivo de qualquer maestro: que o coro esteja melhor quando ele sai, e o meu objetivo é fazer o melhor por um coro com esta envergadura”. Apesar de ter pensado bem no assunto, antes de aceitar o convite, Margarida sentiu que não podia dizer que não a uma instituição pela qual tem tanto carinho.

Quanto à agenda do Tomaz Alcaide, o final dos meses de maio, junho e julho foi muito movimentado, com muitos concertos, e haverá mais um concerto em setembro e outro em outubro. No entanto, há uma surpresa reservada ainda para este ano: o Orfeão está a preparar, pela primeira vez, algo que o coro queria fazer há anos e que a própria Margarida, enquanto cantora no Orfeão, tinha pena de não se fazer, que é um Concerto de Natal. O concerto está a ser planeado em grande: “gostava de ter mais descanso para poder preparar o programa com mais tempo, para preparar peças de grande qualidade, e vamos conseguir, porque temos um grupo muito bom”.

O Concerto de Natal será em Estremoz , em local ainda a confirmar.

 

(Artigo atualizado a 11 de agosto de 2022, às 08h32)

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