O mundialmente famoso artista Ai Weiwei integra o elenco de três artistas que a exposição A paisagem é para sempre apresenta, a partir de dia 6 de setembro, no Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida, em Évora.
Ai Weiwei tem colocado o seu ativismo político em defesa da liberdade e dos direitos civis no centro da sua obra multiforme. Mas as suas relações com a história e a cultura chinesas permanecem fundamentais para o artista que reside atualmente em Portugal. É o que a peça agora apresentada confirma. Trata-se de um disco de mármore do Afeganistão, a que o artista chamou Bi, evocando as raízes culturais milenares do seu país. Com efeito, Bi, na cultura clássica chinesa, é um disco de jade utilizado em cerimónias rituais para refletir o céu. Nesta espécie de gesto de arqueologia cultural, o artista desloca o reflexo do céu para a profundidade da terra, onde os veios da pedra se formaram, assim trazendo à superfície a espessura do tempo da tradição e da geologia milenar.
Niek te Wierik é um artista holandês há muito a viver em Portugal. Com trabalho abundante nas áreas do desenho e da pintura, o artista é um observador insaciável do meio natural que o envolve, e que depois fixa em minucioso processo de laboratório (da fotografia ao esboço, depois desenho e pintura). Nas pinturas que integram a exposição, a pedra é cor em forma de dólmen, e é sombra em forma de luz, cruzamento do horizonte milenar da pedra com a efemeridade das sombras dos olivais do Alentejo.
Sara Leme é uma jovem artista cujo trabalho traduz influências de um percurso onde se cruzam a joalharia, a dança e a antropologia. Na exposição, apresenta um trabalho com memória da história global recente: sobre uma tela, feita com máscaras cirúrgicas justapostas, a artista confronta o espectador com imagens projetadas de montado alentejano, em planos quase sem movimento, com a ligeireza do vento animando a folhagem, como quem ensaia suspender o curso do tempo.
Integrada na programação do 8º Congresso da Associação Portuguesa de Antropologia, a exposição A Paisagem É Para Sempre, com curadoria de José Alberto Ferreira, interpela o tempo presente através das paisagens que somos, e convida a uma viagem com a duração da poesia, entre a árvore e a sombra, entre a pedra e o horizonte.
A exposição A Paisagem É Para Sempre inaugura no dia 6 de setembro, às 18h30, estará patente até ao dia 23 de outubro de 2022, e poderá ser visitada de 3ª feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 19h00 (18h00, em outubro), com entrada livre.