O processo de fabricação de vinho em talha de barro é uma tradição que existe há mais de dois mil anos, e que se iniciou na época dos romanos. No nosso país, o Alentejo mantém-se como o único guardião desta técnica e, para o povo alentejano, o vinho em talha é considerado uma herança cultural, que faz parte do seu dia-a-dia.
Por isso mesmo, 22 municípios alentejanos- Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Arronches, Borba, Beja, Campo Maior, Cuba, Elvas, Estremoz, Évora, Ferreira do Alentejo, Marvão, Mora, Moura, Mourão, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Santiago do Cacém, Serpa, Viana do Alentejo e Vidigueira, estão agora unidos para promover esta técnica e através do vinho, potenciarem os seus territórios, através da criação da nova Rota do vinho da Talha.
À margem da Inauguração da Festa da Vinha e do Vinho, a Rádio Campanário falou com Francisco Mateus, Presidente da Comissão Vitivinícola da Região Alentejana sobre este projeto, que começou por nos referir “nós vamos precisamente ter na sexta-feira um encontro com todos os parceiros que estão envolvidos nesse projeto” acrescentando “ a Câmara Municipal de Vidigueira é que tem liderado o processo, com um trabalho que eu considero muito profundo e muito bem feito.”
Francisco Mateus destaca ainda “este encontro surge para saber como está a decorrer o processo e ao mesmo tempo, aproveitamos, sendo dia de São Martinho, procedemos à abertura dos vinhos da Talha.”
No que diz respeito a esta interligação entre entidades devido ao setor do vinho, considera Francisco Mateus, “ eu acho que é normal as instituições, as empresas, os produtores juntarem-se em torno daquilo que eles consideram que é o seu denominador comum e qual é o dominador comum para aqueles que produzem vinho aqui nesta zona? É o facto de serem de Borba, porque o as opções relativamente às castas que usam a forma como entra, como trabalham a vinha, digamos que são opções técnicas em que é o homem que vai decidir o que é que faz mas de facto eles estão neste território e, portanto, o território acaba por ser algo que une, que cola as pessoas em direção a algo que consideram ser benéfico.”#
Para o Presidente da CVRA “isso acontece na Vidigueira, começou agora no Redondo e portanto, eu acho que são movimentos normais.”
“Para além de ter Borba, Redondo, Reguengos , Granja, Amareleja ou Portalegre, o Alentejo é o chapéu, deles todos e portanto, é bom estes movimentos acontecerem” acrescentou ainda o Presidente da Comissão Vitivinícola Alentejana.
Para Francisco Mateus isto funciona muito bem “quando falamos no mercado nacional” mas “quando saímos das nossas fronteiras, torna-se mais difícil passar estas mensagens e, portanto, na medida do possível, nós devemos pensar bem, qual é o procedimento que queremos e como é que vamos comunicar correndo se o risco de estarmos a criar uma amálgama de designativos, uma amálgama de pequenos núcleos que depois não se conseguem transmitir nos mercados internacionais.”
Na sua opinião, no que diz respeito ao Mercado Nacional “ é um mercado que dificilmente vai crescer por isso a principal aposta que nós temos é crescer para fora de Portugal”.
“É preciso dar a conhecer ás pessoas que há uma região em Portugal chamada Alentejo e que tem uma produção de vinhos feita com qualidade e com sustentabilidade” e só depois, acrescenta Francisco Mateus, “ir à componente geográfica mais pequena ainda que se compreenda que as pessoas e as empresas queiram defendere promover o que fazem.”