Uma nova visão da Farmácia que veja reforçado o seu papel na jornada de saúde das pessoas, contribuindo para a prevenção da doença, promoção da saúde e ganhos em saúde, é a proposta de Ema Paulino, Presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), que inspirou os mais de mil congressistas a “querer fazer mais e melhor”. “A Saúde Próxima de Todos é mais do que um claim é um apelo à ação”, acrescentando que a mudança está na diferenciação e acrescentar cada vez mais valor à intervenção da farmácia comunitária.
As Farmácias são parte da solução na melhoria da saúde pública dos portugueses pelas suas competências instaladas. Nas palavras do Ministro da Saúde, Manuel Pizarro “são um contributo insubstituível para a equidade na saúde» e «os farmacêuticos são um verdadeiro exército da saúde em Portugal.”.
Na reflexão sobre os “Desafios e Oportunidades para o Setor da Saúde” é consensual que o futuro das farmácias passa pela expansão da intervenção do farmacêutico comunitário, garantindo à sociedade o acesso a cuidados de saúde onde estão as pessoas: no coração da comunidade.
Já em 2023, avançam a renovação da terapêutica crónica e a dispensa de medicamentos hospitalares em proximidade, pretendendo-se ainda potenciar serviços de testagem e de referenciação, nomeadamente em afeções menores, pelo farmacêutico, entre outros. André Biscaia, Presidente da Direção da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar, afirmou que «para chegar a todos é preciso que esta equipa seja reforçada», sendo o farmacêutico parte da «equipa de saúde familiar».
A criação de canais de comunicação, uma espécie de “via verde” entre os diferentes profissionais e/ou unidades de saúde, nos diversos níveis de cuidados, públicos ou privados, e um registo único de dados da jornada de saúde do utente, é essencial para uma efetiva integração dos serviços das farmácias nos cuidados de saúde primários e hospitalares. “Falta-nos dar o passo em frente. Falta integração e vias abertas» salientou Paulo Espiga, Vogal do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central.
“Sem recursos é difícil. Não chega a boa vontade“, salientou Ricardo Mexia no que respeita ao financiamento de serviços em saúde, a exemplo do que acontece nas autarquias. Os cuidados diferenciadores prestados pelas Farmácias representam significativos ganhos em Saúde e poupança para o Estado e não devem ser suportados pelas Farmácias «deve existir um pagamento adequado e justo, sendo o principal financiador o Estado» segundo Paulo Fernandes, da Direção da ANF.
“Livro Branco das Farmácias”
No último dia do Congresso foi realizada uma apresentação preliminar do “Livro Branco das Farmácias Portuguesas”, cujo processo de construção continuará após o Congresso.
Face às constantes mudanças no contexto pós-pandémico e marcado por uma nova envolvente política e económica global o setor deve manter uma visão contínua de desenvolvimento, neste sentido, surge o Livro Branco das Farmácias Portuguesas –um instrumento estratégico e dinâmico em que se projeta o futuro das Farmácias em Portugal.
Num processo altamente participado, estão a ser analisados os eixos de desenvolvimento: Afirmação da farmácia enquanto espaço de saúde e bem-estar na jornada de saúde; Transformação digital ao serviço da farmácia e das pessoas; Evidência científico-profissional em saúde; Valorização das equipas e da profissão; Coesão territorial como resposta aos determinantes sociais e em saúde e Promoção da sustentabilidade económico-financeira.