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Univ. de Évora investiga como o bagaço de azeitona pode remover arsénio e outros poluentes da água!

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É através do projeto europeu Life BIOAs financiado pelo programa LIFE que uma equipa de investigadores da Universidade de Évora (UÉ), conjuntamente com parceiros italianos (do mundo académico e empresarial) estão a desenvolver um Biochar Granulado, preparado a partir de bagaço de azeitona para a remoção de poluentes presentes na água, tanto superficial como subterrânea, para consumo humano. O biochar é um material sólido produzido a partir de biomassa mediante um processo termoquímico em ambiente controlado.

A aplicação de um biochar granulado na remoção de um dos elementos mais tóxicos para a saúde, o arsénio, com forte presença em inúmeras regiões a nível mundial é o objetivo deste projeto que tem a Universidade de Évora como a única instituição de Ensino Superior parceira a nível nacional. Os investigadores sublinham que o arsénio apresenta forte impacto sobre o meio ambiente e a saúde humana.

Em paralelo este material está igualmente a ser avaliado na remoção de outros contaminantes, como os poluentes orgânicos persistentes. Até ao momento a equipa já desenvolveu o biochar granulado e construiu três estações piloto – duas em Itália e uma em Portugal – onde é produzido o biochar, bem como duas estações para tratamento de água para consumo humano na Província de Lazio (Itália) e nos distritos de Bragança, Fundão e Portalegre (Portugal).

“Neste momento, vamos escalar a fase de aplicação deste biochar, recorrendo para isso às unidades piloto de tratamento de água que serão testadas em Itália, na região de Roma bem como nas três regiões de Portugal” refere Paulo Mourão, Professor do Departamento de Química e Bioquímica da Universidade de Évora que coordena este projeto no nosso país e junta investigadores da Universidade de Évora, da Universidade de Roma “La Sapienza”, e parceiros empresariais.

O também investigador do Instituto Mediterrâneo para Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED) da academia eborense adianta que “já foram, entretanto, obtidos resultados desta aplicação em sistemas à escala laboratorial e apresentados cientificamente” realçando a importância desde projeto “para a remoção dos poluentes presentes na água sendo um aspeto primordial, uma vez que se está a apostar em materiais inovadores, de largo espectro de aplicação, em sistemas de tratamento de efluentes e afluentes líquidos, com destaque para os sistemas aquosos”. Paulo Mourão realça ainda que este sistema é utilizado “no tratamento de água a sua aplicação vai desde as águas residuais à água para consumo humano”.

O investigador da UÉ realça ainda que “para a perspetiva subjacente a este projeto, que se traduz na transformação de um subproduto do sector olivícola num material de valor acrescentado com inúmeras aplicações, contribuindo desta forma para uma verdadeira circularidade e consequentemente uma melhor gestão de recursos, geração de valor e redução do impacto ambiental”

O projeto LIFE BIOAs visa assim a demonstração da viabilidade ambiental e económica de um processo de produção de um bioadsorvente inovador pela carbonização hidrotérmica do bagaço de azeitona (subproduto da indústria de produção de azeite) e, simultaneamente, a sua utilização para a purificação de arsénio de acordo com a diretiva da UE de água potável.

Paulo Mourão sublinha ainda que “a contaminação de águas subterrâneas por arsénio ocorre em extensas áreas geográficas e representa uma questão ambiental de preocupação global devido às graves ameaças à saúde humana”. Recorde-se que o risco para a saúde humana e a ocorrência generalizada de contaminação por arsénio levaram à imposição de limites severos à concentração de arsénio na água potável. Desde 1998, a UE fixou esses limites em 10 μg/L (Diretiva 98/83/CE). No entanto, existem várias áreas da UE onde as concentrações de arsénio nas águas subterrâneas excedem tais limites, como várias regiões da Itália, Grécia, Croácia, Alemanha, Portugal e outros países. Estas características forçaram muitos municípios, em particular pequenos, a instalar e operar estações de tratamento de água especificamente projetadas para remoção de arsénio, mas os seus altos custos de aquisição e operação têm um impacto negativo para sustentar continuamente o fornecimento de água potável aos cidadãos da UE.

A equipa do LifeBIOAs indica que “a remoção de arsénio é convencionalmente realizada por processos economicamente dispendiosos que podem incluir diferentes tratamentos: precipitação, absorção, troca iónica, filtração (de acordo com as diretrizes da EPA). A adsorção com materiais à base de ferro (Fe) representa a solução mais comum, apesar de outras tecnologias e materiais também serem utilizados, como os adsorventes à base de dióxido de titânio, e processos de osmose inversa e troca iónica. 

Mais de 50% desse custo é coberto pelo custo de adsorventes à base de Ferro (5-10 €/kg com 1-3 g/kg de remoção de arsénio). O projeto LIFE BIOAs visa demonstrar um processo para produzir um bioadsorvente inovador pela carbonização hidrotérmica do bagaço de azeitona (um subproduto da indústria de produção de azeite) a um custo de pelo menos 50% inferior .

Fonte: Universidade de Évora

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