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Campomaiorense: o sonho de toda uma região no Jamor

Para além das suas empresas e negócios, o legado deixado pelo Comendador Rui Nabeiro é bem maior que isso. Apoaixonado pela sua terra e pela sua gente, Rui Nabeiro investiu também no seu clube de futebol, o Campomaiorense, levando o nome do Alentejo mais além, permitindo à população viver um autêntico conto de fadas durante a década de noventa e transição para o presente século.

Para lá da forte alavancagem a nível financeiro, o contributo e dedicação sentimental da família Nabeiro ao projeto do Campomaiorense foi o principal responsável pelo crescimento exponencial do clube. Os escalões foram galgados, as subidas festejadas e o emblema juntou-se durante alguns anos ao convívio dos grandes do futebol português. O ponto mais alto chegou a 19 de junho de 1999, data em que milhares de campomaiorenses e alentejanos rumaram ao Jamor para ver o clube discutir a final de uma Taça de Portugal frente ao SC Beira-Mar.

Segundo o ZeroZero, o investimento foi reduzido e o futebol profissional acabou por terminar, mas o clã Nabeiro – o filho João Manuel ainda é o presidente – segue ligado ao Campomaiorense, totalmente focado em servir a população local. Para perceber os contornos desta bonita história, o zerozero recolheu testemunhos de quem viveu de perto os tempos áureos do emblema e emoções marcantes, muitas delas passadas no mítico Estádio Capitão César Correia. 

Foi pela porta do Campomaiorense que Nuno Campos – recentemente passou por Tondela e Santa Clara como treinador – atingiu o sonho de ser futebolista profissional e disputar a I Liga, em alguns dos momentos mais felizes da carreira. De gratidão na voz, o antigo jogador partilhou-nos memórias desses tempos e as vivências partilhadas com a família Nabeiro.

“O impacto da família era total. O João Manuel tinha as funções de presidente, enquanto o Comendador Rui Nabeiro (já presidente honorário) tinha também uma presença muito forte. Ia ao balneário antes dos jogos e estava no clube quase todos os dias, fazendo questão de cumprimentar cada jogador e membro do staff de forma individual. Notava que tinham um grande gosto pelo projeto e um carinho por todos os funcionários do clube, um pouco como temos ouvido dos diferentes testemunhos dos últimos dias”.

Mesmo nos anos de natural maior exigência, o último representante alentejano a atuar na I Liga resistiu a endeusamentos e procurou sempre estreitar laços e servir a sua população. Nuno Campos teve a oportunidade de ser titular na final do Jamor, um dia que a família Nabeiro fez por tornar inesquecível aos adeptos que se deslocaram à Capital para a apoiar o clube.

“Nos momentos em que não estavam a decorrer treinos, os adeptos e população podiam fazer alguma fisioterapia e utilizar as instalações do clube. E sei que isto continuou no final do projeto no futebol profissional. Sempre tive grande carinho por eles e sentia a vontade em eles ajudarem os outros. O senhor Rui tinha um coração enorme”

“Era um grande representante de toda essa região. Tive a oportunidade de disputar a final do Jamor e, aí, todo o Alentejo esteve representado. Toda a região se mobilizou e a Delta, com a família Nabeiro como base, proporcionou a todas aquelas pessoas a tradicional festa e sardinhada antes do jogo. Patrocinaram tudo e queriam uma grande festa. Nunca esqueciam as pessoas de Campo Maior e todo o Alentejo”, revelou ao ZeroZero

“Estava sempre disponível para ouvir as necessidades de cada atleta. Eles cultivam um espírito muito familiar com o grupo de trabalho. Relações humanas que não se veem neste tipo de cenários. Seja perguntar sobre os filhos, esposas ou resto das nossas famílias, algum adiantamento de salários se fosse necessário. Acabavam por conquistar o carinho de todos. Muitos jogadores preferiam ir ganhar menos para o Campomaiorense do que jogar em clubes de ordenados superiores”.

No momento do adeus, a seriedade continuou presente. Após uma época de regresso ao segundo escalão, o Campomaiorense optou em 2002 por encerrar com o futebol profissional. Contudo, os compromissos previamente estabelecidos foram cumpridos à risca. Uma «realidade rara» naqueles tempos.

 

 

Foto: ZeroZero

Leia a reportagem completa em: ZeroZero

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