A produção de carvões ativados a partir de plásticos presentes nos resíduos indiferenciados urbanos, plásticos agrícolas e plásticos descartáveis, usados na atividade agrícola foi patenteada após uma investigação desenvolvida pela Universidade de Évora (UÉ), no âmbito do consórcio formado pela própria universidade, pelo CIMAC, EDIA e GESAMB.
Segundo a Ensino Magazine, A investigação foi realizada por uma equipa de investigadores composta por professores da UÉ, nomeadamente: Teresa Batista do Instituto Mediterrânico para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED), Isabel Cansado e Paulo Mourão, do Departamento de Química e Bioquímica, e João Nabais, do Departamento de Departamento de Ciências Médicas e da Saúde.
Em nota da UÉ, citada pela Ensino Magazine, a Universidade esclarece que “este processo inovador contribui para que os resíduos de plásticos sujos sejam desviados dos aterros e após a separação e recolha dos mesmos, em particular os agrícolas, originem um material poroso, o carvão ativado, que será depois aplicado no tratamento das águas residuais nomeadamente para a adsorção de poluentes como fitofármacos e outros”.
Acrescenta a UÉ, que “o carvão ativado tem diversas aplicações nomeadamente a filtragem e captação de poluentes de meios líquidos e gasosos, podendo ser utilizado em efluentes agroindustriais e urbanos em unidades de pequena a média dimensão, de base local e regional, transformando um resíduo num produto de elevado interesse económico e ambiental”.
O projeto PlaCarvões, como foi designado, teve início em 2018, e foi financiado pelo Fundo Ambiental.
A Ensino Magazine relata ainda que, na mesma nota, a universidade explica que projeto “aplica os princípios da Economia Circular na cadeia de valor dos plásticos, transformando resíduos de plásticos sujos num produto, o carvão ativado cujas necessidades nacionais são asseguradas na totalidade através de importações. A quantidade de plásticos oriundos da agricultura é significativa, por exemplo na área de influência de Alqueva, em 2022, foi estimada em 2.300 toneladas/ano. Com o crescimento da área regada e ocupada por culturas permanentes, este volume poderá atingir as 4.500 toneladas/ano. O plástico usado é essencialmente (95%) plástico que não está enterrado e quase exclusivamente associado às culturas permanentes. Estas duas características são um importante fator para que se possa concretizar um modelo de recolha e de valorização deste material. Se somarmos a estes números os referentes ao ciclo urbano dos resíduos plásticos, facilmente se concluirá que a solução patenteada do PlaCarvões contribuirá simultaneamente para diminuir a quantidade de resíduos plásticos depositados em aterro aproximando Portugal do cumprimento das metas europeias e simultaneamente, irá criar valor através do desenvolvimento de um produto a nível regional e nacional, o carvão ativado, em que o país é claramente dependente do mercado externo”.
Fonte: Ensino Magazine