A Ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, visitou esta manhã, de dia 21 de junho, a Barragem dos Minutos, em Montemor-o-Novo, no âmbito da iniciativa “Governo + Próximo”, em que o Governo percorre toda a região alentejana, numa série de iniciativas que decorrem no distrito de Évora.
A Rádio Campanário esteve presente e falou com Maria do Céu Antunes sobre esta iniciativa e sobre a sua visita ao reservatório hidráulico da Barragem dos Minutos em Montemor-o-Novo.
Em declarações ao jornalistas, a Ministra da Agricultura e da Alimentação referiu que “a iniciativa é vir ao terreno e perceber os efeitos da política pública. Estamos a falar de um investimento que começa no final da década de 90, que começa por criar a própria barragem, que a partir daí se desenvolve criando um perímetro de rega, acrescentando a este território mais competitividade, mais resiliência, mais sustentabilidade, com uma capacidade que agora sai reforçada, com um investimento superior a cinco milhões de euros, nomeadamente lutando com uma maior capacidade de armazenamento de água, com um sistema que está completamente pressurizado, desde a sua captação da Barragem dos Minutos até ao agricultor, com uma poupança significativa de água que se sente e com capacidade de produzir aqui, em Montemor-o-Novo, mais alimentos, capazes também de dotar este território de melhores condições para criar mais postos de trabalho, tendo a agricultura como pano de fundo. É para nós muito importante vir ao terreno e perceber o quanto a política pública impulsiona o desenvolvimento de territórios e, de territórios como este, onde a agricultura é claramente o fator de distinção, criando trabalho, ajudando a prevenir fenómenos de erosão, impedindo a desertificação física e humana e, percebendo também que temos agricultores, que temos direções nestas infraestruturas coletivas públicas que fazem uma gestão muito profissional, aliás, todo este investimento se deve a uma direção empenhada, que aproveita as oportunidades que a política pública, nomeadamente através de Fundos Comunitários, passam para estes territórios, investimentos estes que ainda não se esgotaram, aliás, já têm uma nova candidatura aprovada de cerca de meio milhão de euros, para instalar painéis fotovoltaicos e, com isso, poderem bombar água durante o período em que podem aproveitar a energia solar, para o reservatório que passou dos 600 metros cúbicos para os 60 milhões de litros. Isto faz toda a diferença, é um aumento da capacidade superior a 100 vezes e que, com isso, agora também, entende a direção, ter condições para poder utilizar energia limpa para diminuir os custos de produção. É mais uma vez a política pública, através dos avisos dedicados que fomos abrindo para estes investimentos ligados à produção de energia limpa, que agora está aqui a ser aproveitada, tivemos mesmo a oportunidade de trabalhar com a FENAREGA para poder aumentar a taxa de comparticipação na instalação destes sistemas de produção de energia limpa, nos aproveitamentos hidroagrícolas coletivos públicos e eficientes, pois nós queremos cada vez mais que sejam eficientes no uso da água, mas também do ponto de vista energético.
Questionada sobre o que pode esperar o Alentejo sobre o novo ciclo de investimento em 2025, Maria do Céu Antunes referiu que “estamos neste momento a fechar este ciclo, vamos ter que terminar aquilo que nos propusemos fazer até final de 2025, estamos a acelarar evidentemente, retirando alguns investimentos que era previsível que fossem financiados através de um empréstimo com o BAE e o CEB para podermos utilizar sobras do PDR 2020 e com isso acelerarmos todo este processo. Estou a falar, por exemplo, da ligação ao Monte da Rocha, o Sistema de Moura, a Vidigueira, o Sistema de Reguengos, portanto, nós queremos muito, acrescentar a todo este Alentejo, melhor capacidade para podermos trabalhar o uso da água como fator de distinção de atividade económica, social e ambiental nestes territórios. Vamos mesmo apresentar o Plano de Eficiência hídrica do Alentejo e que, com base nos vários instrumentos que temos à nossa disposição para o financiamento, e outros fundos comunitários que venham aqui a ser anexados, nós queremos continuar a criar condições para que, o regadio e o sequeiro ajudado possam fazer a diferença. Com isto pretendemos, por um lado, aumentar a disponibilidade de água, utilizando recurso a uma poupança, tencionamos promover uma poupança superior a 16%, com o armazenamento de água da chuva, proveniente de outras fontes, queremos aumentar em 17 hectómetros cúbicos essa adição. Queremos criar condições para termos melhor armazenamento e queremos promover sistemas como estes que são mais robustos, por serem coletivos, por serem públicos, por terem uma gestão profissional e por serem muito eficientes. Por outro lado, queremos ajudar os agricultores dentro das suas explorações a terem mais mecanismos de tecnologia de precisão para também poupar mais água e para poderem ter sistemas mais eficientes do ponto de vista energético.”
“Sabemos que os efeitos das alterações climáticas trazem para Portugal riscos acrescidos e desafios acrescidos e nós temos que trabalhar o regadio e o sequeiro. O sequeiro tem que ser ajudado, o regadio tem que ser mais eficiente, temos que aumentar a área regada, porque se queremos garantir a nossa autonomia estratégica alimentar, precisamos dos dois sistemas que se complementam e fazem a diferenciação dos nossos territórios”, acrescentou.
Questionada se podemos esperar medidas mais extremas como a proibição de regas de campos de golfe e de enchimento de piscinas, a Ministra da Agricultura e Alimentação referiu que “nós acompanhamos 65 aproveitamentos hidroagrícolas, albufeiras hidroagrícolas, algumas de fins múltiplos, destas, a capacidade de armazenamento médio é de 70% e, estas albufeiras que acompanhamos, dão-nos a capacidade de afirmar com segurança que a campanha de rega deste ano está assegurada a 100%. Temos cinco com limitações fortes onde já proibimos a instalação de culturas permanentes, onde aqui em Alqueva demos o exemplo que só podem ser culturas que consumam menos água e com sistemas mais eficientes do uso da água e, os agricultores, nos seus aproveitamentos hidroagrícolas, sabem e conhecem bem o plano de contingência. Para o cidadão comum, há uma campanha a decorrer para o uso da água de forma muito eficiente, já tomámos medidas em concreto no Algarve e tomaremos todas as medidas necessárias sempre que for possível e necessário. Aquilo a que apelamos é a um uso muito racional da água, que poupemos todos individualmente e coletivamente. A Comissão Interministrial da Seca vai reunir dentro de poucos dias de novo e, por isso, nessa altura, faremos uma avaliação mais precisa sobre as condições”.
“Não vemos razão neste momento para tomar medidas mais drásticas, acompanhamos diariamente, percebemos em que ponto estamos e apelamos a que todos, em todos os usos, possamos usar a água de forma mais eficiente”, salientou.
Quanto à garantia que não serão tomadas medidas extremas, Maria do Céu Antunes refere que “A situação vivida em Portugal é diferente de Espanha e outros pontos, nós continuaremos a acompanhar a situação e tomaremos as medidas necessárias para garantir o uso da água para todos os fins”