Manuel dos Santos, é natural do Porto Covo e tem uma habilidade única com conchas de búzio. Como aprendeu esta arte e quando começou a criar peças em chifre?
“Comecei a fazer estas peças há cerca de 11 anos como uma brincadeira e continuei a desenvolver esta arte ao longo dos anos. Utilizo as conchas de búzio para fazer algumas iguarias, como feijoada, e vendo as conchas vazias.
E onde encontra as conchas de búzio para o seu trabalho?
“Adquiro as conchas na praça e também com os pescadores. No entanto, a limpeza das conchas é um processo demorado, e é preciso cortá-las de forma precisa.”
E como se toca o búzio?
“Tocar o búzio é uma arte em si. É semelhante a tocar uma trompete, onde a vibração dos lábios produz os sons. Eu aprendi a tocar o búzio desde que era criança, graças ao meu pai, que era pastor. Depois de ordenhar o gado, ele costumava tocar o búzio, e eu também aprendi desde pequeno.”
Além das conchas de búzio, você também cria peças em chifre. Como é esse processo?
“As peças em chifre que faço são inspiradas na cultura Viking. Aproveito os chifres de animais, mas o processo de limpeza é trabalhoso e requer fervura. É um trabalho árduo, e muitas vezes não é recompensado adequadamente pelo valor que posso pedir pelas peças.”
Como está a correr o mercado medieval em Évora este ano?
“Infelizmente, este ano não está a correr bem devido ao mau tempo. As vendas estão fracas, mas espero que melhorem ao longo do dia.”
E como é a receção das suas peças, em comparação com as conchas de búzio?
“Depende do local e do público. As peças em chifre geralmente atraem mais turistas, enquanto as conchas de búzio são populares entre os locais e também entre os turistas. O artesanato é apreciado, mas é um trabalho que muitas vezes não é devidamente valorizado.”
Então, ao que parece, esta arte de trabalhar com conchas de búzio e chifres é uma forma de passar o tempo e afastar-se um pouco das tascas. Conseguiria dizer que encontrou uma maneira de equilibrar o seu tempo entre o trabalho e o lazer?
“Sim, é verdade. Esta arte tornou-se uma paixão que me permite dedicar menos tempo aos cafés. Claro que ainda passo algum tempo lá, mas menos do que antes. Agora posso beber em casa enquanto trabalho nas minhas peças.”