A Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) não cumpriu a promessa feita pelo seu presidente ao presidente da Câmara Municipal de Beja. O compromisso era desocupar o “Edifício Refer” até 31 de dezembro, onde várias dezenas de pessoas vivem há meses neste espaço abandonado pela instituição.
Segundo Avança o Jornal O LIDADOR, numa reunião realizada a 3 de novembro, António Savaiva, presidente da CVP, garantiu a Paulo Arsénio, o presidente da Câmara de Beja, que “o edifício seria esvaziado até ao final do ano de 2023”. Na altura, o autarca de Beja informou que foi estabelecido um grupo de trabalho conjunto para atingir o ambicioso objetivo da CVP de ter o edifício vago até 31 de dezembro, com a autarquia empenhada nesse esforço.
Os presidentes anteriores da Cruz Vermelha também prometeram soluções para o “Edifício Refer”, mas não cumpriram. Francisco George, presidente de novembro de 2017 a novembro de 2021, anunciou financiamento para retomar as obras em janeiro de 2018, mas as obras não foram concluídas. Ana Jorge, presidente de novembro de 2021 a maio de 2023, nunca visitou o espaço. António Saraiva, presidente desde maio de 2023, prometeu esvaziar o espaço até o final de 2023, mas isso não aconteceu.
O presidente da Câmara de Beja afirmou que a Cruz Vermelha assumiu a posse do edifício e está a considerar várias opções, como transformá-lo numa Estrutura Residencial para Idosos (ERPI), residência de estudantes ou habitação.
Dois meses após a reunião entre os presidentes, a situação piorou, com a deterioração do espaço e a porta principal do “Edifício Refer” agora aberta a todos. Durante a semana passada, pertences de um dos moradores foram lançados do espaço para o telhado da entrada, e não se sabe o que aconteceu ao dono dos objetos.
Uma fonte informada sobre a situação revelou que um indivíduo cobra a cada pessoa um valor para viver no local, que não possui água nem eletricidade. Os objetos no telhado do edifício refletem a gravidade da situação.
O “Edifício Refer” está abandonado desde fevereiro de 2017, quando a Infraestruturas de Portugal (IP) alugou o espaço à CVP por um contrato de 20 anos, renovável por outros 20, mediante uma renda mensal de 8.500 euros.
Foto: O Lidador